Carta do leitor:Arroz nosso de cada dia

Carta do leitor:Arroz nosso de cada dia

Não sei vocês, meus irmãos do jornal OPAÍS, mas nós aqui (no bairro Zamba 4 – nas imediações da Condel), no Cazenga, o arroz no nosso jantar é tipo o pão no nosso matabicho. Vou explicar: meus filhos quando ficam sem comer pão, no pequeno- almoço, o que quer que seja que tenham comido, para eles não matabicharam; se ficarem sem comer arroz durante muito tempo, começam a ter desgosto das outras comidas. Nós aqui no bairro não temos muita variedade de pratos, pois o nosso cardápio gira em volta do arroz, da massa, funge e (às vezes) da batata rena ou doce. Mas disso, nós (os pobres do Cazenga) não saímos, salvo o erro quando vamos num casamento ou outros eventos comemorativos, onde podemos encontrar e experimentar um pouco de bacalhau com natas, picanha e outros alimentos de que não me lembro o nome (por não serem frequentes). Assim, o arroz faz parte do nosso dia-a-dia, faz parte do nosso pobre cardápio e é o que nos tem aguentado durante gerações. Na dispensa do pobre não pode faltar arroz, muito menos dinheiro para comprar pão.que se tem registado ultimamente é triste. Estes dois produtos estão a desaparecer da nossa mesa. O nosso arroz está a custar 12 e em alguns ponto da cidade de Luanda 14 mil Kz /25 Kg. Para muitos que ganham pouco e têm cinco filhos, para além dos dois nãoseque se tem registado ultimamente é triste. Estes dois produtos estão a desaparecer da nossa mesa. O nosso arroz está a custar 12 e em alguns ponto da cidade de Luanda 14 mil Kz /25 Kg. Para muitos que ganham pouco e têm cinco filhos, para além dos dois nãodeclarados (feitos fora do relacionamento e sem conhecimento da “mãe-grande”), a vida está-lhes a mostrar o verdadeiro pão que o diabo amaçou. Tudo o que pedimos que é que façam de tudo, senhores decisores, para que os produtos básicos da mesa do pobre não tenham os preços altos, como o arroz, pão, feijão, massa, óleo, coxa e fuba. Estamos a fazer dieta à força, a ficar doentes de tantos pensamentos e a não parar mais em casa porque os filhos não param de reclamar da falta de algo. “Papá, arroz acabou. Papá, dá dinheiro para comprar pão. Pão não chegou. Papá, vamos comer o quê?”, todos os dias a ouvir isso dos filhos, o homem pensa duas vezes para regressar em casa. É preferível arranjar um sítio para relaxar, só que o problema é que nós só relaxamos com birra (cerveja) – que também subiu de preço (200Kz). A vida está difícil para todos, mas tratem só do arroz nosso de cada dia,