Quando falta pão…

Quando falta pão…

Pois é, em casa onde falta pão, todos ralham e ninguém tem razão. O pior é quando à falta de pão se junta a falta de chá, e bem pior mesmo é quando a tudo isto se junta a falta de Deus, ou do que ele representa no ser humano. E ralhamos todos porque o Governo vem apelando ao “bom uso” das redes sociais. O problema é que o aviso vem do Governo, desconfiamos, intuímos, inteligimos, sabemos que tem política nisto. Também não somos assim tão ingénuos.

Mas veio só por causa da política ou de cálculos eleitorais? Não. O Governo tem outras responsabilidades de que não se pode escapar. E uma delas é olhar para a sociedade e cuidar dela, do seu futuro, porque se assim não for também não haverá Governo possível. Ontem recebi dois filmes que mostram como as redes sociais podem ser generosas ou prejudiciais e como a pobreza de tudo está a dar cabo desta sociedade. Num deles, uma jovem, Glória Silva, desabafa… bem, “esbofeteia” a sociedade mostrando-lhe aquilo em que se tornou, apesar de toda a gente dizer que é pessoalmente o contrário.

Ela fala de uma multidão que se encontrou em torno de um jovem desfalecido e a morrer numa rua de Luanda, com a mãe em desespero. Carros parados de propósito. Para quê? Para filmar a cena. Ninguém para acudir.

A desalma está virada para a partilha do “filme” do dia, não para ver no outro um ser humano. No segundo filme, a história é de pessoas que encontraram um grupo de crianças a tirar mangas da sua árvore, em pleno Lobito, e que, como não foram crianças travessas, azar o seu, e talvez por isso, tomadas pelo diabo (quem sabe?) resolveram colocar as crianças numa fossa.

Correu pelas redes sociais, foram detidas pela Polícia. Se calhar é melhor mesmo olhar para as redes sociais e também para as almas nossas. E para o pão, por causa das mangas.