“Angola não terá condições para recuperar as dinâmicas de crescimento perdidas no passado antes de 2025”

“Angola não terá condições para recuperar as dinâmicas de crescimento perdidas no passado antes de 2025”

O coordenador do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola( CEIC), Alves da Rocha, disse ontem que a crise económica tem causado grandes impactos sociais, tendo referido que os problemas sociais, que vão desde o desemprego a outros, estão com taxas elevadas e perduram desde a era da independência. Segundo o economista, até então não se conseguiu atenuar com os vários modelos implementados.

Rocha lembrou ainda que a situação económica, que consiste na perda da capacidade de crescimento da economia nacional, existe desde 2009, porque mesmo que nos períodos de 2010 ou 2011, por exemplo, os dados apontassem uma estimativa de crescimento na ordem 4% a 3%, foram insuficientes para Angola vencer os desafios da pobreza.

Segundo o economista, para o país vencer alguns dos desafios, entre eles a sustentabilidade da dividida pública, não é viável manter os níveis próximos dos 100% ou 90% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o coordenador do CEIC, a sustentabilidade da divida pública deve–se à possibilidade de consumir menos recursos do PIB e simultaneamente a divida servir para promover o desenvolvimento económico.

Manuel Alves da Rocha afirmou que esta sua análise é partilhada por muitos economistas no país, salientando que as esperanças para a estabilização da economia nacional não podem ser direccionadas, apenas de forma exclusiva, no acordo que o Governo fez com o Fundo Monetário Internacional.

No seu entender, os riscos da dependência deste acordo apenas poderão contribuir para a diminuição dos investimentos físicos e em capital humano, em função das dificuldades financeiras. Por outro lado, esclarece ainda que o Relatório Economico de Angola, composto por 400 páginas, não aborda a questão da diversificação da economia que ainda continua a ser um tema da política do Executivo.

Alves da Rocha acredita que existem pessoas que ainda encaram a diversificação da economia como sendo um processo revolucionário, no sentido de que a sua implantação vai reaproveitar alguns reajustes sociais e tecnológicos que poderão ter consequências na configuração das classes sociais no país.

Quando se fala na diversificação da economia temos que encarar e analisar dentro da formação social angolana que tem dentro o modo de produção, as relações de produção, assim como as forças produtivas.

“Diversificação é um problema complexo que não se resolve apenas quando dizemos que a diversidade está acontecer porque o peso do PIB está a diminuir”, disse, acrescentando que “não é assim que se analisa a diversificação da economia, por ser um processo complexo capaz de trazer consequências económicas, tecnológicas e também sociais”.

Alves da Rocha acredita mesmo que não existem sinais significativos de que a diversificação esteja a acontecer . Segundo ele, o que existe são algumas incidências como a abertura de uma fábrica, mas ainda assim não é suficiente para se concluir que o país esteja a diversificar.

Por outro lado, explicou que há indicadores na análise económica que, uma vez aplicados, podem servir para identificar se o país está realmente no processo de diversificação e com que intensidade está, que tipos de ajustamentos estão a acontecer e não em função de uma análise simplista.