Formação à distância apontada como medida em países com poucas vagas universitárias

Formação à distância apontada como medida em países com poucas vagas universitárias

O docente do Instituto de Educação da Universidade do Minho, em Portugal, José Alberto Lencastre, defende a formação à distância como a medida adequada para um país, como Angola, cujo acesso para a universidade é ainda restrito, se se atender à procura, conforme fez questão de referir. Por isso, o funcionário sénior do departamento de curriculum de tecnologias educativas anunciou que o desafio da sua instituição, que se afirma como um verdadeiro parceiro do Ministério da Educação, é conseguir colocar aqui, no país, uma formação contínua de professores.

“Sabemos que há desafios grandes, mas também sabemos que é possível. E o que nós fizemos, partimos de uma abordagem de parte do contexto, uma vez que nós vimos aqui informar-nos sobre qual é o contexto de Angola, o que é que é possível fazer”, disse na ocasião do Primeiro Seminário Internacional sobre Educação à Distância e Itinerante, realizada em Luanda, na semana passada.

Adiantou que seus colegas e parceiros estiveram no terreno, a diagnosticar as necessidades, para que, juntamente com eles, possam desenhar o aquilo que pode ser essa requerida formação contínua. Profetizou dizendo que era desejo da sua equipa que, a partir de Portugal, eles conseguissem criar uma plataforma de aprendizagem em que juntassem os professores do primeiro ciclo de ensino nessa mesma plataforma, de modo que pudessem interagir com eles, criando recursos, colocandoos a partilhar todos os saberes que lhes conviessem e a planificarem em conjunto.

“A educação à distância permite que nós tenhamos alunos que nunca seriam nossos alunos, e as pessoas não precisam deslocar-se. Mas, através das assistências, é possível realizar-se todo processo”, realçou o docente universitário, tendo assegurado que em Portugal a formação contínua dos professores acontecia, exactamente, da mesma forma.

“Há quem está em Braga faz a formação a partir de lá, mas os professores que o acompanham estão em todas as zonas do país e consegue-se enviar materiais, partilhar-se qualquer situação, estar com os professores on-line, dirimir-se outras dificuldades, porquê que não se adaptam aos materiais disponíveis e disponibilizados à realidade de certo contexto, inclusívelmente os pedagógicos?”.

José Alberto Lencastre informou que, apesar de a ideia ser ficar-se pela via digital do online, no primeiro momento deve-se utilizar tecnologias como a rádio, sendo que o uso do correio electrónico constituiria outra opção. “Esse serviço pode chegar”, disse, socorrendo-se da experiência que tiveram durante o Primeiro Seminário Internacional sobre Educação à Distância e Itinerante, ocorrido neste mês, ocasião em que mais de 100 seminaristas conseguiram partilhar informações, ao ponto de gerirem a interacção por via de uma única rede de Internet.

“Que falhasse a rede, isso era normal, porque havia muita gente a usar o mesmo serviço, de uma só vez, o que não acontece em condições normais, em que vários estudantes estão recebendo formação à distância”, realçou José Alberto Lencastre, aludindo que, no interesse de formação individual, cada formando usa uma fonte de Internet diferente da dos outros. Há locais em que o on-line já é possível e existem outros onde a rede de Internet ainda é mesmo difícil ou quase impossível, soube OPAÍS do seu interlocutor, que garantiu, por causa disso, já estarem a estudar que condições devem adoptar para que essa ferramenta seja viável.

Angolanos formados à distância (Portugal) Referindo-se à realidade de Portugal no que ao ensino à distância diz respeito, garantiu que tinham uma experiência boa, pois detinham cursos completamente à distância na Terra de Camões com estudantes angolanos. “Temos um curso de mestrado que é feito a partir da Universidade do Minho em que alunos de diferentes áreas do Brasil e de regiões de Angola, como das Lundas Norte e Sul, do Cuanza-Norte e de Luanda, com os quais se interage, através de plataformas de tecnologias on-line disponibilizadas por Internet”explicou.

De acordo com o professor Lencastre, a sua equipa faz lá formação contínua dos professores, razão pela qual vieram a Angola propor, in loco, auscultando a possibilidade e a vontade de isso poder acontecer. “Lá usamos essencialmente a Internet”, declarou o docente universitário, tendo recordado que Portugal já passou as fases em que a rádio e a televisão dominavam a execução desse tipo de formação.

De qualquer forma, pode-se considerar que os três não são meios que se excluem, mas que se complementam, justamente por haver momentos em que é possível ouvir a rádio e enviar os áudios para os professores e há momentos em que podemos estar sincronizados on-line e a partilhar informações em conjunto. “Na verdade, o que queremos saber, aqui, é, entre essas várias possibilidades, quais são as mais adequadas e para que área do país. É exactamente isso que estamos a fazer em alguns sítios de Portugal”, asseverou.