Elementos de Angolanidade na Música RAP Nacional

Elementos de Angolanidade na Música RAP Nacional

Por:Hélder guimarães

A angolanidade pode ser descrita como as qualidades que nos distinguem como um grupo. Podemos ainda considerá-la como patriotismo cultural angolano vertente desta característica que vai servir de base para este artigo. Alguns especialistas descrevem os anos de 1961 a 1974 como os ‘Anos Dourados’ da música de intervenção angolana. Os músicos desta altura criaram a angolanidade cultural principalmente por cantarem em línguas nacionais, mas também começaram com as primeiras canções revolucionárias, pois muitos dos elementos dessas bandas apoiavam a guerra de luta de libertação com as suas canções, e alguns chegaram mesmo a ser membros activos dos Movimentos de Libertação de Angola. Assim como os músicos dos ‘anos Dourados’ da música de intervenção angolana, os artistas que criaram a angolanidade cultural, do mesmo modo há angolanidade literária nas obras de Óscar Ribas, Pepetela, Luandino Vieira, Wanhenga Xitu, Agostinho Neto, Ondjaki e outros autores que valorizam e preservam a nossa maneira de ser e estar, por meio das suas obras literárias. O angolano facilmente se adapta a outras maneiras de estar, esta é uma qualidade, mas nem sempre isso é bom, pois há momentos que devemos nos despir desse nosso “patriotismo cosmopolita”, como definiu Kwame Appiah (Appiah, 1996). O RAP, braço musical da cultura hip hop, de acordo com os seus antecedentes históricos, é uma cultura urbana que surgiu na Jamaica na década de 60 quando sugem os sistemas de som nos bairros dos subúrbios para animar bailes de rua daquele país do norte da América. No auge da popularidade da cultura hip-hop o Rap se expande muito rapidamente para mundo a fora. O Rap veio a ser um daqueles poucos movimentos cuja rápida e espantosa internacionalização atingiu, de maneira concreta e com implicações inéditas, realidades nacionais tão diferentes e distantes do ponto de vista geográfico sociocultural, político e económico. Este movimento chegou a Angola no final dos anos 80, início dos 90 conquistando maioritariamente os jovens que, em busca de uma sonoridade nova, deram um significativo impulso ao Rhythm and poetry (ritmo e poesia) baseada em batidas rápidas e aceleradas, com letras em forma de discurso ritmado, carregados de informação e pouca melodia. Assim como aconteceu no país berço do Rap/Hip hop, em Angola não tem sido diferente, os beat makers (instrumentistas) do rap angolano começaram a mixar músicas antigas, no nosso caso, músicas angolanas de outros tempos e a criar sobre elas arranjos específicos que deram uma característica de angolanidade ao rap que se faz no país. Nesta senda músicas de Bonga, Teta Lando, Rui e André Mingas, Waldemar Bastos, Artur Nunes, Filipe Mukenga, David Zé, Robertinho, Kiezos, Jovens do Prenda, entre outros, já serviram e têm servido de base para várias músicas rap. A base instrumental do rap é essencialmente uma eterna busca pela perfeita repetição, deste modo, e recorrendo ao simple, criadores do passado inspiram criadores de agora fazendo acontecer um casamento mais que perfeito das sonoridades africanas da música angolana sampladas com a base rítimica tradicional do RAP, o boom bap. Os nos sos be at makers(instrumentistas) estão sim na vanguarda da exploração das sonoridades angolanas para as músicas rap. Muito antes de Swizz Beatz, Nas e Damian Marley e outros terem descoberto a