Falta de investimento limita cobertura da rede eléctrica à cidade de Malanje

Falta de investimento limita cobertura da rede eléctrica à cidade de Malanje

A província de Malanje embora ter instaladas duas barragens hidro-eléctricas (Laúca e Kapanda) com capacidade de produção conjunta de 2 mil e 590 megawatts (MW), a rede de distribuição eléctrica está ainda longe de atingir a satisfação da procura doméstica e industrial

Por:Miguel José, em Malanje

Ante a insatisfação dos cidadãos, o director da ENDE em Ma l a n – je, Justino Luzolo, justificou que a falta de investimento delimita a extensão da rede eléctrica para cobrir a periferia da cidade de Malanje na sua plenitude. Falando, recentemente, à Rádio Ecclésia de Malanje, Justino Luzolo expôs que dos 80 megawatts (MW) de potência disponíveis para o fornecimento público, apenas cerca de 45 por cento está a ser consumida, devido ao défice de escoamento derivado da falta de investimento na rede de distribuição e montagem de postos de transformação, nos 23 bairros da cercania da cidade de Malanje, que há muito tempo aguardam pela instalação eléctrica.

Adiantou que para suprir a demanda de cobertura nas zonas periurbanas são precisos 32 postos de transformação de média tensão para permitir incluir, no sistema, cerca de 15 mil clientes. “É bem verdade que a província de Malanje, praticamente, não beneficia de projectos de extensão desde 2010. De lá para cá, dentro daquilo que é a nossa cabimentação orçamental mensal temos, paulatinamente, feito esforços internos para estender a energia eléctrica nalguns bairros”, pontualizou o responsável.

Previsão de investimento

Dado o crescimento demográfico e o consequente alargamento ex- DR ponencial da periferia, o responsável da empresa de electricidade referiu que a previsão orçamental para a extensão da rede eléctrica, à dimensão da satisfação de consumo local, está calculada em cerca de USD 8 mil milhões. Como exemplo, mencionou que um Posto de Transformação (PT) com todas as características técnicas e sistemas de protecção associados, antes da flutuação cambial, rondava à volta de 34 milhões de Kwanzas (AKZ), ao passo que a extensão da linha de média tensão se fixa em USD 100 mil por quilómetro (Km). “O Centro de Distribuição de Malanje tem apenas a função de manter a produção que já está distribuída e assegurar a comercialização de energia. Os investimentos de grande vulto não são da competência da direcção da ENDE provincial”, descartou.

Facturação

Luzolo conferiu que a sua empresa tem fixada uma estimativa de facturação mensal calculada entre 140 e 160 milhões de AKZ, mas devido às violações constantes, nos sistemas de contadores pré-pagos, o incumprimento nos pagamentos do consumo pós-pago, a empresa só consegue arrecadar até 60 por cento do valor. Por conta disso, deduziu que a fuga ao pagamento do consumo de electricidade, agravado com os actos de vandalização sobre os equipamentos instalados, assim como as ligações arbitrárias, prejudicam muitas acções internas que podiam garantir a manutenção dos equipamentos, a termo certo, melhorar a qualidade de fornecimento de energia e aperfeiçoar o nível de atendimento aos clientes.

Paradoxo

O vice-governador da província de Malanje para o sector Político, Social e Económico, Domingos Manuel Eduardo, considerou ilógico o défice de cobertura energética à província, por neste território estarem situadas duas centrais hidro- eléctricas (Laúca e Kapanda) ambas com capacidade de produção associada de 2 mil e 590 MW. “O caso de Malanje é, realmente,paradoxal. Nós temos consciência disto. Malanje como maior produtora de energia é a que menos recebe, de todas as províncias da zona norte ”, retratou.

Consciente do paradoxo, Domingos Eduardo avançou que ainda dentro do actual quinquénio de mandato, o Governo da Província de Malanje (GPM), em articulação com o Governo Central, vai proceder à cobertura energética de pelo menos 60 por cento dos 14 municípios que conformam o território de Ngola Kiluanje e Njinga Mbande. Como novidade, anunciou que a vila de Kalandula, a partir do mês em curso, vai tornar-se no terceiro município da província, (a seguir ao de Malanje e Cacuso) a desfrutar do fornecimento de electricidade da Barragem de Kapanda, através de uma linha com capacidade de 110 kilowatts (kW).

Os demais municípios vão beneficiar do mesmo bem de consumo, num processo paulatino, com a projecção de uma linha de 220 MW, a partir da barragem de Laúca. Embora sem anunciar o início da execução do projecto, Domingos Eduardo garantiu que os trabalhos preliminares estão já a ser feitos no sentido de ser realidade a extensão da rede eléctrica, em toda a província de Malanje, ainda dentro do presente quinquénio/ 2018-2022.

Custo/benefício

A dispersão populacional, na sequência da configuração territorial da província de Malanje, com uma média de densidade demográfica aproximada de 11 habitantes por Km2, sobre uma superfície de 97 Km2, segundo o vice-governador Domingos Eduardo, em termos de custo/benefício, carece de análise económica, quanto à extensão da rede eléctrica para os municípios. Deduziu que transportar energia para uma sede municipal com mil habitantes, custa tanto quanto levar à outra com 500 mil moradores.

“A estratégia para resolver o problema do custo/benefício é fazer geração de energia com base nos recursos locais”, aventou. Porém, citou a iniciativa do GPL sobre o projecto do parque eólico com capacidade de gerar 100 MW de potência, no município de Kiwaba Nzoji, que vai estender a electricidade para as localidades circunvizinhas da região da Baixa de Kasanje. Entretanto, além de 80 MW de potência energética que provêm da Barragem de Kapanda, também está instalada uma Central Térmica com capacidade de gerar 19.5 MW de electricidade, que funciona em casos de black out (queda de energia) a partir da fonte principal.