Soa a estranho

Soa a estranho

Já nas bancas! É assim que se anuncia em Angola a venda de livros e de discos. Já nas bancas. Que bancas? Jornais, só das mãos dos ardinas os podemos comprar. Felizmente os supermercados também já os vendem, alguns, sempre colocados em lugares não favoráveis. Os discos, se não for mesmo nos supermercados, não há onde os encontrar, tal como os livros.

E isto em quatro ou cinco cidades do país, nada mais. Mataram calmamente os lugares de cultura, as livrarias e as discotecas (de venda de discos mesmo, não de kazukuta), as bibliotecas.

O parque gráfico então… arrasado. Músicos e escritores já sabem, a regra é fazer o maior e melhor marketing possível para ver se se vende muito no dia do lançamento, ou apresentação. Há que ter muitos amigos, família grande e o melhor é fazê-lo no fim do mês, com os salários pagos. Quem não vende aí, bem, vai ficar com o material em casa, literalmente.

A não ser que se comece a vender livros também nas janelas abertas. Isto sim, um grande negocio, bem protegido pelas autoridades. É só ver como a administração do Kilamba preferiu preencher os lugares vazios com barracas de bebedeira, ainda que a cidade deva ter um mínimo de vinte mil crianças.

A escolha do Estado está feita, não se espere que mexa uma palha pela cultura, pelo menos não por aquela que não passe pelo habitual fogo de artifício que resulta em nada. Aqui, cultura não é para ficar, não é para ter banca, aliás, isto soa a estranho. E quando se anuncia produtos nas bancas é porque não se sabe o que se diz.