Chuva reanima esperança dos camponeses do Cunene

Chuva reanima esperança dos camponeses do Cunene

Os camponeses do município do Cuanhama, província do Cunene, manifestaram-se, este Sábado, satisfeitos com o retorno da chuva intensa que cai na região nos últimos dias, e mantêm esperança numa “boa” lavoura.

 

Ao falarem durante o acto de entrega de meios agrícolas às quatro brigadas de mecanização agrícola criadas na província, para apoiar a campanha 2019/2020, os camponeses consideram esta chuva como um indicador positivo, 12 meses depois de seca severa no Cunene. Alfredo Aidula, pequeno agricultor, residente na localidade de Oshiyango, em Ondjiva, disse que a chuva que se abateu com grande intensidade no decurso da semana finda, dá uma boa perspectiva e esperança para a produção do massango, massambala e outros cereais. Para o pequeno produtor, Pio Haidenga, da comuna do Evale, fruto da intensa chuva, o solo encontrasse húmido o que permite às famílias cultivarem com satisfação, depois do ano nulo na época anterior em face à seca.

Teresa Caudinge, igualmente pequeno agricultor, corrobora com a ideia do anterior interlocutor, e augura que continuem a cair chuvas para permitir produzir o suficiente e criar reservas nos celeiros. Já Jorge Xavier, da comuna de Nehone, agradeceu ao governo por criar quatro brigadas equipadas com 20 tractores e respectivas alfaias, gesto que vai impulsionar a actividade dos camponeses. O director do gabinete provincial da Agricultura e Florestas, Pedro Tibério, disse que os camponeses estão empenhados e querem aproveitar o tempo perdido. Entretanto, a primeira chuva na província, desde o começo da seca, em Outubro de 2018, caiu há quase dois meses. De lá para cá, cai com alguma regularidade, mas sem grande intensidade.

Segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET), a província poderá registar, este mês, chuvas acima do normal, com um volume de água acima de 800 milímetros, 200 a mais que o normal (600 milímetros) para esta região do país. A campanha agrícola 2019/2020, conta com 250 mil hectares de terra aráveis para 120 mil famílias camponesas, estão disponíveis 130 toneladas de sementes diversas, cinco mil charruas, mil e 500 catanas, 900 enxadas europeias, 600 limas e 250 machados. Devido à escassez de chuva, a campanha agrícola 2018/2019 no Cunene ficou comprometida, sem colheita nos 205 mil hectares onde estiveram envolvidos 99 mil camponeses. A seca originou uma crise de água e pasto, afectando 857 mil e 443 pessoas, de um total de 171.488 famílias, e um milhão de cabeças de gado. A seca deste ano é a mais devastadora dos últimos 24 anos da história do Cunene.