Tribunal do Paquistão condena ex-governante militar, Pervez Musharraf, à morte por traição

Tribunal do Paquistão condena ex-governante militar, Pervez Musharraf, à morte por traição

Musharraf, que assumiu o poder num golpe em 1999 e depois governou como presidente, não está no Paquistão e não estava disponível para comentar a sentença, proferida por um tribunal anti-terrorista que está a ouvir o caso de alta traição. “Pervez Musharraf foi considerado culpado, à luz do artigo 6º, por violação da constituição do Paquistão”, disse Salman Nadeem, agente policial do governo. A decisão completa do tribunal não estava disponível, mas afirmava num resumo que analisou reclamações, registos, argumentos e factos, no caso, e chegou a um veredicto maioritário, com dois dos três juízes a decidir contra Musharraf.

As acusações decorrem da imposição de Musharraf de um estado de emergência, em 2007, quando ele enfrentava uma crescente oposição ao seu governo. Na emergência, todas as liberdades civis, direitos humanos e processos democráticos foram suspensos, de Novembro de 2007 a Fevereiro de 2008. Ele renunciou no final de 2008, depois de um partido político que o apoiou ter mau desempenho nas eleições gerais e passou grande parte do tempo, desde então, no exterior.

Os últimos anos do seu governo foram marcados por lutas com o judiciário, decorrentes do seu desejo de permanecer como chefe do exército, enquanto também era presidente. No mês passado, Musharraf emitiu uma gravação de vídeo a partir de uma cama de hospital, em Dubai, na qual ele disse que não receberia uma audiência justa no caso que foi arquivado pelo governo em 2013. “Servi o país e tomei decisões para a melhoria do país”, disse Musharraf no video-clipe.

Especialistas em direito, em Islamabad, disseram que Musharraf pode contestar a decisão no Supremo Tribunal. Musharraf ficou do lado dos Estados Unidos na sua “guerra ao terror” lançada após os ataques de 11 de Setembro de 2001 às cidades dos EUA. A sua decisão foi criticada por partidos religiosos e deu início a anos de violência islâmica no Paquistão.-