Moageiras nacionais podem produzir mais de 800 mil toneladas de farinha de trigo por ano

Moageiras nacionais podem produzir mais de 800 mil toneladas de farinha de trigo por ano

Actualmente, as três moageiras nacionais têm capacidade instalada para produzir anualmente 700 mil toneladas de farinha de trigo, contribuindo para o abastecimento do mercado, para a diminuição das importações, a criação de empregos directos e indirectos em Luanda e em Benguela. O porta-voz das indústrias moageiras de farinha de trigo angolanas, César Rasgado, sublinha que a Grandes Moageiras de Angola (GMA) foram criadas com capacidade de produzir até 280 mil toneladas de farinha de trigo por ano, enquanto a moageira do Kikolo conta actualmente com uma capacidade instalada para atingir 140 mil toneladas por ano, tendo em curso um possível processo de ampliação para o dobro (280 mil toneladas), o qual está atrasado devido ao impacto da aplicação do IVA sobre a importação de equipamentos.

Enquanto isso, ressaltou que a fábrica do grupo Leonor Carrinho está pronta a fornecer ao mercado desde o início do mês de Dezembro um total de 280 mil toneladas por ano. “Resumindo, as três moageiras poderão produzir mais de 800 mil toneladas de farinha por ano, com a entrada em funcionamento da Leonor Carrinho e com a ampliação da Kikolo”assegurou o responsável O Ministério da Indústria assegura que a necessidade anual de Angola para este produto é de 520 mil toneladas, pelo que este é um dos sub-sectores produtivos nacionais que contribui não só para a criação de emprego e para o fomento da produção industrial em Angola, mas também para a diminuição substancial das importações e para a tão necessária poupança de divisas.

“ Se assumirmos o número de 520 mil toneladas como estimativa de consumo para 2019, constata-se que em breve iremos ter excedente, que pode ser exportado, e que a capacidade instalada das três moageiras em funcionamento permite satisfazer as necessidades do mercado nacional”, disse o responsável. Questionado sobre as mudanças internas que a produção nacional de farinha de trigo fomentou em Angola, César Rasgado sublinha que antes da inauguração das Grandes Moagens de Angola e da Kikolo, ambas em 2017, toda a farinha consumida era importada. “A indústria de moagem é nova em Angola e com três moageiras a produzir já podemos afirmar que o país tem um sector industrial de moagem”, afirmou. As três unidades resultam de um investimento privado fortemente comprometido com a diversificação da economia, no valor de USD 300 milhões. Com esta nova indústria – que segue as indicações do Executivo rumo à industrialização do país e ao aumento da produção nacional, no âmbito do PRODESI .

Mais de 100 empregos directos Recorde-se que a GMA criou, com a sua entrada em funcionamento, 150 empregos directos e várias centenas de empregos indirectos. “Actualmente, mais de um milhar de famílias angolanas têm algum tipo de rendimento proveniente da actividade da Grandes Moageiras de Angola”, especifica César Rasgado. A fábrica Leonor Carrinho, por exemplo, já criou 100 empregos directos, sendo que “a tendência é para que este número aumente e é também o sustento de centenas de famílias em Benguela. Por sua vez, a moageira do Kikolo gerou 115 empregos directos e 99 empregos indirectos.

Referiu ainda que, além das centenas de novos postos de empregos criados , oportunidades para pequenas empresas nacionais, que actuam como fornecedores das moageiras, houve também um incremento significativo da retenção de conhecimentos técnicos e tecnológicos no país, o que faz com que o Estado ganha com a arrecadação de impostos e com o alívio do peso das necessidades de importação de farinha. Referiu ainda que, os números de trabalho criados no interior de cada uma destas fábricas são maioritariamente ocupados por profissionais angolanos, para os quais cada uma das unidades dispõe de um programa de formação anual que visa aumentar a produtividade, garantir a segurança e salvaguardar o meio envolvente.

A Leonor Carrinho, por exemplo, para iniciar actividade no início deste mês, deu mais de 2000 horas de formação aos seus trabalhadores. Esta formação incide, designadamente, em áreas técnicas como a mecânica, a electrónica, a automação, a arte da moagem e os sistemas informáticos. No que diz respeito à província de Benguela, avançou que Benguela passou a ser autónoma na produção da farinha de trigo. “No caso específico de Benguela, a província passou a ser autónoma quanto ao produto ‘farinha de trigo’ e não carece de importação para satisfazer as necessidades do consumo local”, avançou

Diversificação da produção, aumento da exportação e arrecadação de divisas César Rasgado adiantou ainda que para além da produção de farinha de trigo, as moageiras angolanas produzem também farelo em pellet, que é exportado e que, consequentemente, contribui para o aumento das exportações e para a arrecadação de divisas. Salientou ainda que a retoma e a dinamização da produção agrícola nacional é outro dos temas que a indústria moageira angolana gostava de ver em marcha, pois além de produzirem a farinha as empresas têm obrigatoriamente que importar um milhão de toneladas de trigo por ano.