Evolução do kwanza e das reservas vai determinar o ‘rating’ de Angola

Evolução do kwanza e das reservas vai determinar o ‘rating’ de Angola

A agência de notação financeira Fitch considerou ontem que a evolução do ‘rating’ de Angola, actualmente com tendência negativa, vai depender da capacidade de estabilização das reservas internacionais e da evolução da cotação da moeda, de acordo com a Lusa

Num relatório enviado ontem aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas da agência de ‘rating’ afirmam que as medidas de política monetária tomadas recentemente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) “estão em linha com o programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e por isso Angola garantiu a aprovação da segunda revisão do programa”. No entanto, alertam, a evolução do ‘rating’, em Perspetiva de Evolução Negativa desde Junho, está ligada ao “impacto destas medidas na qualidade do crédito soberano, que vai depender de o país conseguir estabilizar as reservas e a extensão da depreciação da moeda nacional”.

Na nota, os analistas lembram que os ajustamentos anteriores do Kwanza “foram associados ao abrandamento do declínio das reservas externas”, mas contrapõem que “as reservas caíram no segundo trimestre deste ano, para 15,3 mil milhões de dólares em Setembro, o que é o nível mais baixo desde 2019 e abaixo dos 17,8 mil milhões de Janeiro do ano passado, quando o BNA acabou, na prática, a sua ligação ao dólar, que vigorava desde Maio de 2016”.

Os analistas da Fitch lembram que “a queda das reservas externas num contexto de elevadas necessidades de financiamento foi um dos motores da revisão da Perspetiva de Evolução do ‘rating’ [B, abaixo do nível de recomendação de investimento] de Estável para Negativo, em Julho” e acrescentam que a subida em Outubro para 15,5 mil milhões de dólares “até deve ser mais expressiva dada a emissão de dívida de 3 mil milhões de dólares, em Novembro”. Assim, concluem que “se o movimento de liberalização do BNA melhorar a credibilidade do mercado cambial e aliviar as pressões sobre o Kwanza, então Angola vai poder recomeçar a construir a sua posição financeira internacional”, melhorando a perspetiva de evolução do ‘rating’.