Chilala Moco satisfeito com resultados da exposição “Ocipala Cutima”

Chilala Moco satisfeito com resultados da exposição “Ocipala Cutima”

A exposição do fotojornalista Carlos Moco, intitulada “Ocipala Cutima”, em umbundu, que em português significa “Rosto da Alma”, encerou a 31 de Dezembro no Memorial António Agostinho Neto (MAAN) e foi visitada por mais de mil cidadãos, entre crianças, jovens e adultos.

O autor, que fez um balanço positivo da mostra que ficou patente durante 11 dias naquele recinto, afirmou sentir-se feliz com os resultados da sua exposição, durante uma entrevista concedida a esse jornal. Segundo o fotojornalista, com o presente trabalho foi possível concretizar os objectivos premeditadamente traçados. Dentre as várias intenções, Chilala Moco pretendia, alcançar um número considerável de observadores, bem como o facto de apresentá-lo no Memorial António Agostinho Neto, um local que considera emblemático.

“Eu faço um balanço positivo da exposição. Teve uma boa adesão de pessoas, cerca de mil e 200. Das vezes que não estive lá, pude sentir isso, porque elas ligavam para mim. Desta forma, acabava por sentir a interacção”, manifestou-se, tendo acrescentado que, embora não quisesse que as obras fossem vendidas agora, alguns compromissos de compra já foram efectuados.

Projectos para 2020

Entretanto, para o ano em curso, o autor de “Ocipala Cutima” reserva pelo menos mais duas exposições. “Não tenho ainda temas, mas já tenho algumas ideias específicas do trabalho que quero fazer. Tenho engavetadas, igualmente, algumas obras, e vou trabalhar no sentido de expô-las.” Por outro lado, disse ter reservado também a publicação de um livro de fotografias, que resultará da colectânea de vários trabalhos já feitos.

Exposição retratou relação entre rosto e alma Importa realçar que a mostra intitulada “Ocipala Cutima” esteve constituída por 40 retratos, um dos quais apresentados pelo artista na Hungria, em Agosto de 2019, numa exposição internacional cujo tema foi a “Igualdade de Género”. Segundo Chilala Moco, a exposição retrata a relação entre o rosto e a alma. “Dizemos que quem vê cara não vê coração. Existe essa relação antiga daquilo que aparenta ser e daquilo que, no fundo, é. Sempre interessei-me por essa dualidade que tem no ser. Aquilo que ele representa fisicamente e aquilo que ele é por dentro”, disse. Questionado quanto aos critérios de selecção de rostos, Moco, disse que levou em atenção pessoas que tivessem uma expressão forte e levassem o observador a viajar sobre as suas profundezas, bem como pessoas bastante peculiares e de diferentes extractos sociais.

“Ocipala Cutima” destaca-se dos demais trabalhos Chilala Moco já participou e realizou outros trabalhos, e, segundo ele, a presente exposição destaca-se por ser mais direccionada. Moco salientou que este trabalho é mais concrecto e assemelha-se ao seu primeiro trabalho individual, em que retratou a vida nas centralidades como um fenómeno novo na vida social de Angola e, como objecto de trabalho, escolheu o Kilamba, por ser a centralidade que mais reúne estratos sociais diferentes. “Desta vez o tema teve a ver com retratos, foi um trabalho de recolha que fui fazendo a longo tempo, de pesquisa de pessoas, observando-as, pedindo a elas que fizessem parte desse projecto”, descreveu.

Perfil

Chilala Carlos Moco nasceu na Caála, província do Huambo, em 1977. Estudou relações Internacionais no ISCSP (Instituto de Ciências Sociais e Política), em Lisboa, onde posteriormente se formou em fotografia na ETIC (Escola Técnica de Imagem e Comunicação). Ainda em Portugal, fez parte da equipa que produziu e realizou o projecto “TV Mundo Melhor”, da primeira edição do rock In rio Lisboa (2004). Nesse mesmo ano, publicou a sua primeira série de fotografias na revista CAIS – Círculo de Apoio à Integração dos Sem-tecto. Já em Luanda, Angola e como “freelancer”, colaborou em quase todas as publicações de renome que surgiram desde 2005.

Expôs nas duas primeiras edições da Trienal de Luanda, 2006 e 2010, respectivamente. Em 2009 ganhou o Prémio Nacional de Jornalismo, na categoria Fotojornalismo, do Ministério da Comunicação Social da república de Angola, tendo sido várias vezes nomeado para o Prémio Maboque de Jornalismo, na mesma categoria, nos anos seguintes. Foi jurado do prémio “BESA Foto” 2009, uma parceria entre a “World Press Photo” e o Banco BESA. Entre um grupo de proeminentes artistas angolanos, foi convidado pela Fundação Sindika dokolo para expôr na Bienal de Bordeaux, França (Bordeaux Evento 2009).