Tumulto na ELISAL termina com seis detidos

Tumulto na ELISAL termina com seis detidos

Seis trabalhadores da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (ELISAL) foram detidos na manhã de ontem, por efectivos da Polícia Nacional, na sequência de um tumulto que os opunha à direcção da operadora. O tumulto foi motivado pelo parqueamento de algumas viaturas que, de acordo com os grevistas, não devia ser feito nas instalações da ELISAL. Em declarações a OPAÍS, Moisés Sebastião, membro da comissão sindical, disse que o diálogo com a direcção rapidamente acirrou os âni
mos entre as duas partes, tendo sido necessária a presença da Polícia, que prontamente interveio e deteve os seis funcionários. O porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, Hermenegildo de Brito, justificou a detenção com actos de vandalismos e alteração da ordem pública, tendo acrescentado que alguns meios rolantes da empresa ficaram danificados, uma posição refutada pelos grevistas, que alegam não ter existido qualquer tipo de danos nas viaturas. Entretanto, de acordo com os grevistas, as razões de fundo deste desentendimento prendem-se com o não pagamento do salário do mês de Dezembro e do subsídio de Natal, o que fez eclodir uma greve por tempo indeterminado, iniciada a 23 do mês de Dezembro.

Os 1500 trabalhadores exigem da ELISAL melhorias nas condições laborais, pois executam as suas actividades desprovidos de qualquer mecanismo de segurança, segundo Moisés Sebastião. Entre elas consta a alegada falta de luvas, máscaras, botas e uniformes. Na lista de necessidades inclui-se ainda capas para a realização de trabalhos em períodos chuvosos. “Nós já não temos condições e o salário não é pago regularmente. É complicado corrermos o risco de contrair doenças por falta de materiais”, lamentou o sindicalista. Moisés Sebastião diz que os problemas na empresa são enormes, ao ponto de não existir papel e tinteiros para a elaboração de documentos.

Greves sucessivas

O problema na ELISAL é antigo e os trabalhadores dizem-se cansados de promessas sucessivas sem que sejam atendidas. Só em 2019, registaram-se três paralisações. A primeira aconteceu no mês de Agosto, numa decisão que surgiu em função do facto de a então direcção da ELISAL ter a pretensão de liquidar apenas a dívida dos ordenados do mês de Junho, violando um dos pontos constantes no caderno reivindicativo. A segunda aconteceu no mês de Outubro, com os funcionários a reclamarem de incumprimentos contantes de pontos no caderno reivindicativo por parte da direcção, sendo que, volvidos dois meses, os mesmos problemas voltam à baila. A ELISASL tem responsabilidades atribuídas para a manutenção do aterro, assistência técnica dos municípios, bem como a operação na limpeza e recolha dos resíduos sólidos no município do Cazenga.

“Não somos a única empresa com falta de salários”

Gonçalves Imperial, representante da comissão de gestão da ELISAL, ouvido pela Rádio Nacional de Angola, disse que sempre ouve boa vontade de conversar com os trabalhadores, que foram informados sobre as razões na base do não pagamento do salário e do subsídio de Natal. Sobre os tumultos registados, Gonçalves Imperial disse que a ELISAL não é a única empresa afectada por falta de salários e apelou ao bom censo dos trabalhadores para evitarem actos de rebelião, exortando-os a regressarem aos seus postos de trabalho. “Lamentamos a postura adoptada por alguns trabalhadores que têm partido por um posicionamento de algum modo agressivo, que é contra ao estipulado na Lei sobre os movimentos sindicais”, disse. O responsável disse que a direcção da empresa considera não haver motivos para a paralisação e principalmente com os actos que estão a ser protagonizados pelos grevistas nos últimos dias.