Pilares do poder

Pilares do poder

Angola tem contradições a resolver, muitas. Vejamos: os asiáticos atraíram investimento porque tinham mão-de-obra barata e algo qualificada, nós temos mão-de-obra miseravelmente paga, alguma com qualificações mínimas, mas nada de investimento, Porquê? Simples: não temos infra-estruturas. A política criou ricos esperando que estes criassem infra-estruturas, deveria ter sido ao contrário. Uma boa infra-estrutura gera ricos. Aqui, a partilha de rendimentos é uma miragem, duas ou três empresas têm a cultura do prémio, estreita-se a posse de capital, quem tem, quer tudo. Entende-se que dinheiro e informação dão poder. Os políticos sempre quiseram controlar a informação, sempre quiseram controlar a riqueza. E querem. Vemos isso nos nossos dias. Contudo, o controlo da riqueza e da informação para a o controlo do poder implica a excessiva presença do Estado nesses domínios, mas diminui as liberdades democráticas e a iniciativa económica, corta os caminhos para o desenvolvimento. O que vivemos hoje (e não estou a dar ou tirar a razão de ninguém), apesar da sua justiça, pode levar ao esvaziamento de alguns ricos, mas, ou viramos para o socialismo, ou a queda de uns fará emergir novos ricos, sem a tal infra-estrutura, não podendo deixar de ser taxados também de “ricos da política” ou “ricos-políticos”, queira-se ou não, sendo eles parte da rocha do poder. O estabelecimento de um ciclo desta natureza inicia uma espiral para baixo. Se o Estado se concentrasse na infra-estrutura básica e na valorização do trabalho, com o reconhecimento do mérito e propiciando a competição saudável pelo melhor salário nas empresas, certamente que todos os anos contabilizaria o surgimento de mais ricos, em troca de uma perda marginal do poder dos políticos.