Manuel nunes Júnior: “O Executivo angolano tem de tratar do caso de isabel dos Santos”

Manuel nunes Júnior: “O Executivo angolano tem de tratar do caso de isabel dos Santos”

Israel Campos, Londres

Em mais uma tentativa, das várias que já se tornaram características do Governo de João Lourenço, Manuel Nunes Júnior, substituto do Presidente da República para a Cimeira de Investimento Reino Unido-África, que teve lugar na passada Segunda- feira, 21, esteve um dia depois do grande evento a tentar “vender” aos interessados e potenciais investidores aquilo que chamou de “ambiente diferente em Angola” como forma de atrair investimento estrangeiro ao país.

Acompanhado pela sua delegação, composta por dirigentes angolanos como o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino de Azevedo, o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, dentre outros altos quadros da diplomacia angolana, Nunes Júnior não deixou de sublinhar, por repetidas vezes, as reformas políticas e económicas que estão a ser levadas a cabo pelo Executivo angolano, destacando sempre o combate à corrupção e à impunidade que, na visão do seu Governo, “ já tem vindo a ver os seus frutos”.

Como se deve imaginar, quem tem interesse ou pretende investir em algum país precisa de ver todas as suas eventuais inquietações esclarecidas. Foi assim que o Ministro de Estado para o Desenvolvimento Econômico e a sua equipa não escaparam do questionamento dos presentes. O escândalo de alegadas práticas de corrupção que envolve a filha do ex-Presidente da República de Angola, Isabel dos Santos, foi logo a primeira pergunta, dominando a primeira parte do espaço de perguntas e respostas. Manuel Nunes Júnior chamoulhe de “uma situação sensível”, mas que, ainda assim, carece da intervenção do Executivo angolano.

“É preciso que cada vez mais Angola seja um Estado de direito”, disse o ministro de Estado, concluindo que “num estado de direito a lei deve ser aplicada a todos”. Sobre as revelações feitas pela investigação jornalística “Luanda Leaks” divulgada na noite do último Domingo, 19, pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e seus parceiros pelo mundo inteiro, o governante angolano não hesitou em dizer que as denúncias feitas contra Isabel dos Santos vão “precisar que os vários órgãos de Angola, e não só, analisem a informação e vejam os passos seguintes a serem dados”.

Recorde-se que desde a divulgação da investigação “Luanda Leaks”, Isabel dos Santos tem reagindo negando categoricamente todas as acusações a si dirigidas, alegando que está a ser vítima de um “orquestrado ataque político” pelo actual Governo.