“Sona” pode ser o próximo Património Cultural Imaterial Nacional

“Sona” pode ser o próximo Património Cultural Imaterial Nacional

Os Sona, arte de contar histórias em desenhos na areia,que pertencente ao povo Côkwe, pode ser elevado a Património Imaterial Nacional, no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a assinalar- se a 18 de Abril. Essa informação foi avançada, em exclusivo a este jornal, pela directora do INPC, Cecília Gourgel, à margem da assinatura de protocolo de cooperação entre o Ministério da Cultura (MINCULT) e a Universidade Lueji A’ Nkonde, nesta Quarta-feira, 21, em Luanda, no domínio da valorização e investigação do património histórico-cultural.

Assim, com a assinatura deste acordo, esta instituição de Ensino, situada na Lunda-Norte, através da sua Escola Superior Pedagógica, concrectamente o curso de Matemática, vai auxiliar o MINCULT no processo de elevação dos “Sona” a Património Imaterial. “Dependendo da prioridade do gabinete da senhora ministra e do Executivo, antes do Semba, poderemos ter o “Sona” declarado Património Nacional, porque é um trabalho que está praticamente concluído”, revelou a directora do INPC, Cecília Gourgel. A dirigente considerou ainda os “Sona” escritos belíssimos, pertencente aos ancestrais africanos, por isso, para si, têm um valor patrimonial inigualável.

Segundo a directora do INPC, a região leste tem uma série de elementos culturais ou bens patrimoniais que interessam ao Ministério da Cultura para declarar como Património Cultural Imaterial Nacional. “Sona” dividido entre a Matemática e a Arte Além do lado artístico, os “Sona” possuem traços geométricos e, por este facto, surge a assinatura do protocolo de cooperação entre as instituições supramencionadas. Desta forma, para o reitor da Universidade Lueji A’ Nkonde, Carlos Claverioba, considera-se que os aspectos culturais nacionais são de extrema importância.

Por isso, avança, a geometria sona foi o mote de uma conferência sobre matemática, realizada na Lunda-Norte, pela universidade que dirige. Conta que os participantes desta reunião apelaram a que a geometria sona devesse merecer um tratamento mais diferenciado. Daí que propôs-se ao MINCULT a assinatura do protocolo de cooperação. “Os sonas são desenhos na areia com contornos geométricos, eles são transmissores de um pensamento, de uma realização, de uma perspectiva. E é preciso interpretá-lo, mas não é qualquer pessoa que o faz.

Os mais velhos que dominam essa arte aos poucos vão morrendo, daí que estamos a incentivar os jovens a aprender e a interpretar esta arte, extremamente complexa”, disse. Contudo, o académico considerou muito importante esta relação, pelo facto de a universidade não ser apenas uma instituição de ensino, mas também ser uma instituição de desenvolvimento cultural. “Há um percurso a traçar. Assinamos o acordo e daremos os passos subsequentes. Os estudantes que nós temos fazem parte de um grupo de trabalho que vai prosseguir com a pesquisa do sona e a partir daí nós vamos constituindo todo um material capaz de sustentar a sua elevação a Património Imaterial”, adiantou.