Anulação da reunião do comité central pode forçar congresso extraordinário na fnlA

Anulação da reunião do comité central pode forçar congresso extraordinário na fnlA

Os membros dos Comité Central da FNLA ameaçaram avançar com a realização de um congresso extraordinário, caso o presidente do partido, Luca Ngonda, não se digne a realizar a reunião do órgão deliberativo. Ontem, em entrevista a OPAIS, um dos membros do Comité Central, Ndonda Zinga, disse que a realização da referida reunião estava aprazada para o dia 18 deste mês. Porém, em véspera da realização do encontro, os membros de outras províncias escalaram Luanda para participar na mesma, com todos os gastos inerentes ao transporte, alojamentos e alimentação a serem suportados de forma individual, sem ajuda do partido. Segundo o político, antes da data prevista, o presidente do partido, Lucas Ngonda, teria ido de viagem a França, tendo indigitado para a sua substituição temporária Pedro Dala, actual secretário-geral.

No seu regresso ao país, no dia 16, Lucas Ngonda “fechou-se em copas”, não se tendo dignado a adiar formalmente a reunião, situação que terá causado enormes constrangimentos ao Comité Central, sobretudo aos delegados provenientes de outras províncias. “Trata-se de uma reunião de suma importância, que deve autorizar a convocação do V Congresso ordinário do partido”, frisou.

um inviabilizador do progresso

Para o Comité Central da FNLA, na voz do seu membro Ndonda Zinga, ao não realizar a reunião deste importante órgão deliberativo, o presidente do partido, Lucas Ngonda, está assim a mostrar-se um inviabilizador do tão almejado progresso da organização que desde há décadas enfrenta facções internas.

Conforme deu a conhecer, se até ao dia 16 de Fevereiro a presidência não proceder à realização da reunião, o Comité Central vai, por sua vez, convocar e realizar um congresso extraordinário.

“A realização do conclave é para evitar males piores, uma vez que o partido não pode ficar refém da vontade de uma única pessoa”, apontou. De acordo com Ndonda Zinga, a realização do congresso extraordinário é um instrumento legal e está em conformidade com o acórdão do Tribunal Constitucional, a julgar pelo estado vencido da actual presidència. “Estamos preocupados com a situação de letargia crónica do partido, provocada pelo presidente Lucas Ngonda”, lamentou, tendo acrescentado ainda que “os estatutos da FNLA estabelecem a renovação rigorosa do mandato do Presidente e do Comité Central de quatro em quatro anos. E o mandato do actual presidente terminou em Fevereiro do ano passado”.

Diálogar sempre

Ndonda Zinga disse ainda que o Estado em que se encontra o partido é de lamentar, a julgar pelo grande contributo que a organização deu para a soberania nacional. Conforme explicou, as brigas constantes entre as alas desavindas em nada ajudam no fortalecimento do partido. Por esse motivo, explicou, a saída para a organização deve assentar na base do diálogo entre todas as estruturas que compõem a FNLA. “Temos de nos entender. E para tal só mesmo conversando. Mas parece que não há esse princípio da parte do presidente. E assim é muito difícil”, deplorou. Ontem, por várias vezes, o OPAÍS contactou Lucas Ngonda, no sentido de dar a sua versão sobre os factos, mas sem sucesso.