Fixemo-nos no que interessa

Fixemo-nos no que interessa

E nisto tudo, vamos então ao que interessa mesmo. Não me interessa nem pensar sobre o que escreveram os jornais portugueses quando citaram o procurador-geral da República de Angola dizendo que “o processo contra Isabel dos Santos não seria possível no passado”. É melhor mesmo nem comentar mais, que falem todos os que estiveram envolvidos em processos legais movidos pela PGR neste Estado que há muito se diz democrático e de Direito. A PGR sempre disse que todos éramos iguais perante a lei.

E nisto tudo, por hoje, não mexamos mais na revelação de que os documentos que incriminam Isabel dos Santos divulgados pelo mundo e que as autoridades angolanas se apressaram a aplaudir afinal foram mesmo roubados. Já há nome e rosto de quem os roubou. Não adianta perguntar se as autoridades angolanas consideram este tipo de invasão crime e se sabem que material roubado não deve ser admitido em tribunal. Não adianta perguntar se sabem que a sua euforia indisfarçada pode reforçar a defesa contrária e, se ela roubou mesmo, como dizem as autoridades, tudo isso pode levar a mais uma longa batalha e, se calhar, como aconteceu em Londres, Angola ainda pode perder. Aí, a quem culparemos pela perda do dinheiro?

Nisto tudo, talvez adiante apelar à transparência sobre os factos que levaram o Presidente da República a nomear alguém que depois, emendando a mão, não lhe dá posse como governador, por estar a ser objecto de tratamento de outras entidades. De que se trata? A nomeação foi publicitada, o caso é grave, o povo que saiba das razões.

E, nisto tudo ainda, é mesmo mais importante levar toda a gente a reflectir e discutir sobre o relatório da Fitch, de ontem, que diz, no fundo, que a médio prazo o país não terá grande investimentos, por ser ainda um destino de alto risco, é que falta electricidade, água, tem uma moeda instável e não garante divisas. Isto sim, deve preocupar a governação e o povo, tem a ver com o que irá à mesa dos angolanos, com empregos e estabilidade social.