Dois jovens morrem no Lobito após realizarem testes físicos na Academia Militar do Exército

Dois jovens morrem no Lobito após realizarem testes físicos na Academia Militar do Exército

Ainda não são conclusivos os motivos da morte de dois jovens, candidatos ao actual ano lectivo, na Academia Militar do Exército, que pereceram na semana passada, no Lobito, na segunda etapa dos testes. Segundo constou a este jornal, Cefas Catengue Lucundi, de 20 anos, morreu na Terça-feira, 21 de Janeiro, menos de uma hora após executar a prova de resistência física de 2,4Km, vítima de uma paragem cardíaca.

No horário do almoço, altura da ocorrência, foi transportado inanimado, do perímetro da academia, para o Hospital Geral do Lobito mas, antes de ser alvo de assistência médica, foi declarado morto. Com Idalésio Sobrinho Araújo, ainda mais novo, 18 anos de idade, o episódio terá sido semelhante. Falecido no Sábado, 25 de Janeiro, os seus pais aguardam pelos resultados das investigações do S.I.C. e órgãos militares.

A autópsia, realizada anteontem, Terça-feira, aponta que as causas da morte derivaram de “intoxicação por substância tóxica não identificada”, havendo rumores não fundamentados relativos à possível ingestão de anabolizantes. Sobre isto, o tenente-coronel Carlos Cristóvão, chefe dos Serviços de Saúde da Região Militar Centro, informou que análises complementares aos órgãos internos dos malogrados serão feitas, para se dissiparem as especulações.

Inquéritos em andamento

Ambas as famílias enlutadas esperam saber “as causas reais que levaram à morte dos dois jovens”, enunciou o comandante da Academia Militar do Exército, Francisco Queirós.

Das informações vindas da Academia Militar do Exército, sabe-se que, ambos os cidadãos passaram na primeira fase do processo de recruta, que foram os exames médicos. Nas duas situações, no dia seguinte, chamados para concretizarem os teses de resistência física, desfaleceram e foram transportados para o Hospital Geral do Lobito, unidade sanitária de referência municipal, onde foram dados como mortos. Explicando o processo de recruta, o tenente-coronel Cristóvão declarou: “antes de os candidatos irem fazer a prova física são submetidos a exame de inspecção médica.

Os dois candidatos fizeram exames, foram dados como aptos”, disse. Todavia, sendo as duas mortes repentinas, “no dia seguinte, apresentarem-se cá, um terminou o teste físico e o outro não chegou a terminar”, anunciou o tenente-coronel Cristóvão, por terem passado mal e acabado por falecer. Naturais de Luanda os malogrados aspiravam integrar o grupo dos mais recentes cadetes da academia, num curso de cinco anos, com integração nos quadros do Ministério da Defesa Nacional, após término da licenciatura com sucesso. Lamentavelmente, morreram no dia em que realizaram a segunda prova, dentre as quatros fases, pelas quais teriam de passar, para finalizar a recruta com êxito.

Casos inéditos?

“Das pesquisas que temos vindo a fazer, consta que muitos destes jovens ou candidatos estão a utilizar anabolizantes, o que concorre potencialmente para estar na essência destes dois casos”, informou ontem o tenente-coronel Carlos Cristóvão. Face a isto, “não há necessidade de os jovens entrarem num estado de ansiedade tal, que os levem a utilizar determinados métodos para chegar aqui”, aconselhou o comandante Francisco Queirós.

Porque, no seu ponto de vista, “tudo é possível, desde que as pessoas se preparem e tenham consciência daquilo que vão fazer aqui nos testes”, recomendou o comandante. Tanto o tenente-coronel Cristóvão, como o comandante Queirós, foram unânimes em afirmar que, nos 10 anos de existência da Academia Militar do Exército, fundada em Agosto de 2009, no Lobito, tais casos nunca haviam ocorrido.

Em nome da organização militar, endereçaram sentimentos de pesar às famílias Lucundi e Araújo, enlutadas desde a semana passada e, simultaneamente, apelaram à juventude para o cumprimento das regras nesta e nas próximas acções de recruta.