Carnaval de Luanda ronda os kz 185 milhões

Carnaval de Luanda ronda os kz 185 milhões

O director provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto de Luanda, Manuel Gonçalves, disse, ontem, no Museu Nacional de História Natural, que se perspectiva um montante de kz 185 milhões para o entrudo de 2020, porém, não avançou quando as verbas serão entregues. Deste montante, 60 milhões de Kwanzas serão destinados aos grupos carnavalescos, para que se organizem. Assim, Manuel Gonçalves realçou o facto de o valor mencionado ser somente uma perspectiva, que pode ser alterada, em função daquilo que se arrecadar dos patrocinadores, estes que reduziram os apoios,dada a actual situação económico-financeira que o país vive.

Faltam apenas 26 dias para a celebração desta festa, considerada a maior manifestação popular e cultural de Angola. O responsável, que falava à margem de uma mesa redonda promovida pelo Ministério da Cultura, subordinada a questões ligadas ao Carnaval – garantiu que o processo de organização do entrudo decorre, apesar das adversidades. “Iniciámos com o processo das gravações das canções. Há todo um trabalho que os grupos vão fazendo independentemente daquilo que são as dificuldades financeiras que afectam aquilo que é a organização do próprio carnaval”, afirmou. Desta forma, aconselha os grupos a recorrerem à inteligência e engenho para que o Carnaval se realize nas mesmas proporções em relação ao ano passado, e, naturalmente, tenha um impacto para que nos próximos anos se venha a melhorar.

Carnaval em discussão

O Ministério da Cultura promoveu um debate para perspectivar o carnaval dos próximos 5 anos, que reuniu no auditório do Museu Nacional de História Natural directores da Cultura, foliões e grupos carnavalescos. Estiveram em mote temas como o papel do Estado, governos provinciais e administrações municiais, e abordou-se a comissão preparatória do Carnaval, perspectiva político-metodológica global e questões como se o Carnaval deve continuar a ser dirigido ou deva ser uma manifestação espontânea. Sobre isso, António de Oliveira “Delon” disse que é papel do Estado conservar o Carnaval, por se tratar da maior manifestação cultural de Angola.

“Se o Presidente assiste ao Carnaval, é porque ele se revê no Carnaval. Assim, todos os ministérios deviam se rever. E outra coisa, o nosso carnaval terá muito mais força se começar a partir do bairro. Tem de começar do bairro”, disse. Porém, a escritora Cremilda Lima defendeu que a politização do Carnaval põe em causa a sua espontaneidade. Lembra que o Carnaval realizado no passado era melhor, por ter sido bastante espontâneo. “Devíamos retirar esta dependência do Estado, para vivermos aquilo que Agostinho Neto dizia: ‘Ao nosso Carnaval havemos de voltar’”, recitou a professora Cremilda Lima.

Financiamento

Por seu turno, o presidente do grupo União 17 de Setembro, Inácio Domingos, defendeu que o papel do Estado é importante no Carnaval, afirmando que se o mesmo retirar o financiamento esta festa pode vir a “morrer”. O interveniente deixou uma pergunta aberta: “se o Estado acompanha o Carnaval, por que não cede os valores cedo? Aquilo que se vê na Marginal de Luanda não se faz em 15 dias”, desabafou. Outrossim, o interlocutor Osvaldo Lunda defende a necessidade de se disseminar a Lei do Mecenato, para que as empresas percebam de que forma podem apoiar as acções culturais e o que podem ganhar com isso.

Modelo de discussão

Além dos temas supramencionados, ainda debateu-se sobre o papel das associações provinciais de Carnaval e grupos carnavalescos; o Carnaval de rua; o desfile competitivo e recreativo; sedes sociais dos grupos carnavalescos; acto central, nacional, ou provincial, entre outros temas. Por isso, o músico Santocas criticou o moderador Nelson Augusto pelo facto de levar mais de 10 minutos a apresentar os temas por se abordar e ceder apenas três minutos aos intervenientes para falarem. O músico preferia que pela quantidade de temas se realizasse um seminário para a abordagem de todas as questões.