Benguela equipada para diagnosticar VIH em bebés a partir do 2º mês de vida

Benguela equipada para diagnosticar VIH em bebés a partir do 2º mês de vida

O foco da campanha “Nascer Livre Para Brilhar” é combater a transmissão do Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, SIDA, de mãe para filho, permitindo às crianças nascerem e manterem-se saudáveis, apesar de a gestante ser seropositiva. Porque o VIH tem uma prevalência elevada a nível nacional, representando as mulheres infectadas quase dois terços da população seropositiva, Angola juntou-se a 22 países africanos que adoptaram este programa de advocacia pela causa.

Com a entrada em funcionamento do Laboratório Regional de Virologia Molecular em Benguela, dá-se um salto no combate prematuro da doença crónica, porque, a partir do segundo mês de vida, já é possível diagnosticar-se. E, com o diagnóstico infantil precoce, várias acções podem ser postas em andamento, para garantir que não haja transmissão da doença durante o aleitamento. Sabendo-se com maior antecedência, é possível preparar-se os pais relativamente aos cuidados a ter com o filho seropositivo, administrando-se antirretrovirais. Porque antes, detectava-se a doença somente quando a criança tivesse 1 ano e 6 meses.

Testes eficientes e gratuitos

Os testes são céleres e o analisador molecular, máquina produzida e oferecida pela empresa americana ABBOTT, também responsável pelo fornecimento dos reagentes, a custo zero, tem a capacidade de analisar 48 amostras em simultâneo. Miguel Martins, director de vendas da ABBOTT para África, salientou que o “analisador molecular (é um dos) mais avançados do mundo”, estando assim as regiões centro e Sul de Angola bem servidas em termos tecnológicos. A empresa norte-americana que representa foi responsável por formar quadros locais sobre o manuseamento dos equipamentos cedidos, estando, desde ontem, habilitados a trabalhar na realização dos testes específicos e modernos. A ministra da saúde, Sílvia Lutucuta deu a conhecer que as análises são gratuitas, aconselhando todas as gestantes seropositivas do centro e Sul do país, a recorrerem ao laboratório instalado no Hospital Geral de Benguela. Desta forma, as províncias de Benguela, Bié, Cunene, Cuanza-Sul, Huambo, Huíla e Namibe estão sob a alçada do Laboratório Regional de Virologia Molecular, tendo recebido formação 45 profissionais de saúde dessas localidades. Optimista quanto à influência dos resultados laboratoriais para a erradicação da doença nas crianças, Lutucuta salientou que “esta é uma população muito especial, precisa de toda a nossa atenção e apoio em todos os sentidos.” A resposta às províncias que circundam Benguela, dar-se-á mediante a colheita de sangue localmente, envio das amostras para o laboratório de Benguela, através da empresa privada Macom, análise e, envio de resultados pela mesma via.

Primeiras-damas africanas unidas contra o SIDA

Sendo Ana Dias Lourenço, primeira-dama, orientadora e rosto do programa no país, esteve ontem em Benguela, Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020, encabeçando a inauguração e procedendo à entrega dos diplomas aos técnicos capacitados. “Nascer Livre Para Brilhar” estreou-se em Angola em Dezembro de 2018, no Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. Dentre as acções levadas a cabo, instalou-se em Luanda outro analisador molecular para o diagnóstico precoce. Mame-Yaa Bosumtwi, secretária executiva da Organização das Primeiras-Damas Africanas para o Desenvolvimento (OPDAD), presenciou a inauguração do laboratório e enunciou que, actualmente, a sero-prevalência em África é mais alarmante no centro e Oeste do continente.

Por conseguinte, as primeiras-damas de 43 países africanos têm trabalhado em conjunto, envolvendo-se nas políticas de luta contra o VIH, atacando o problema de várias formas, consoante especificidades e índice de sero-prevalência nos seus países. “Esta campanha começou em Janeiro de 2018, desde então, tem-se encorajado as mães que descobrem que têm VIH a prevenirem a transmissão aos seus filhos recém-nascidos e através da amamentação”, frisou Mame-Yaa Bosumtwi. O objectivo “é evitar que surjam novas gerações com VIH”, salientou e, o “envolvimento das primeiras-damas nas políticas e acções em prol disso tem apresentado resultados”, congratulou a secretária executiva da OPDAD.