A transformar produtos do campo em conservas 100% naturais

A transformar produtos do campo em conservas 100% naturais

Natural de Luanda, Hermenegilda Edna Silvestre, entrou para o mundo do empreendedorismo na flor da idade. Mas, foi em 2008, que teve a iniciativa de enveredar para o sector agrícola, especificamente o agro-industrial e se destacou na área. Depois de ter experimentado diferentes tipos de negócios, Gilda como é carinhosamente chamada decidiu, em 2016, dedicarse ao cultivo de hortícolas. Passado algum tempo, teve a ideia de transformar os produtos do campo em conservas naturais como geleias e polpas.

A jovem empreendedora conta que depois de economizar algum dinheiro começou a investir com recursos próprios. “Em 2017, pretendia adquirir equipamentos e enviei o equivalente a 15 mil Euros à China para comprar o material, mas fui burlada”, lamenta. Apesar da má experiência que viveu, Gilda Silvestre não desistiu e resolveu importar frascos desta vez a partir do Dubai. Porém, os custos dos materiais ficaram elevados e não compensou, pois o objectivo era comercializar os produtos a um preço reduzido.

A ideia de apostar no sector agrícola, surgiu após ela e o filho serem diagnosticados com alergia a lactose e conservantes. Foi então que juntou o útil ao agradável. “Decidi enveredar para a produção de conservas 100% naturais pensando nas pessoas, tal como eu que tem alergias e dificuldade a aderir estes produtos e reaproveitar o excedente da produção que muitas vezes estraga “, conta.

Em busca de aperfeiçoamento no Brasil Para pôr em prática o sonho, ainda em 2017, Gilda Silvestre resolveu ir ao Brasil, no Espírito Santo, fazer uma formação no Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural do Incaper. A empreendora conta que levou ao Brasil três produtos para aprimorar o sabor,nomeadamente o molho de gindungo, o óleo com picante e a mistura de gindungo em pó com especiarias.

Neste momento, fazem parte da lista mais de 56 produtos, desde molho de gindungo, tempero completo de sal, pasta de sal e açafrão, vinagre aromático, óleos aromáticos de picante, conserva de cenoura, quiabo, cebola, batata-rena, mix de legumes, frutas, geleia de ananás, geleia de maracujá, maionese aromática e outros produtos. A máteria-prima para a produção de conservas naturais são comprados de pequenos e médios agricultores e o prazo de validade de cada produto vai de seis meses a um ano. No dia 7 de Novembro de 2019, a jovem empreendedora foi condecorada pelo Presidente da República, João Lourenço, pelo projecto inovador e a intervenção na área social. Actualmente, Gilda Silvestre conta com 57 produtos diversos; desde geleias de maboque, múcua, tambarino, beterraba, compotas, temperos, molhos, conserva de quiabos e geleias. A empreendedora não fica apenas por este leque da já vasta oferta que traz ao mercado, anunciando que “pretendo trabalhar com frutos silvestres nacionais e inovar”, promete entusiasmada.

Dificuldades

A principal dificuldade passa por adquirir os frascos para embalar e distribuir os produtos em grande escala. Por esse motivo, apela à classe empresarial a construção de uma fábrica para produzir frascos de diversos tamanhos, de modo a diminuir a importação deste item. A empreendedora conta com um número de clientes satisfatório e já emprega na sua equipa cinco pessoas. Gilda Silvestre tem como principal projecto, a construção de uma unidade industrial para produzir em grande escala e distribuir os produtos a todas as redes de supermercados nacionais. Outra meta da empresária passa por aumentar o volume de negócios e abertura de uma linha de produtos destinados a pessoas que padecem de diabetes.