Usuários das casas dos de banho mercados reclamam da cobrança

Usuários das casas dos  de banho mercados reclamam da cobrança

A nossa ronda por mercados públicos da cidade capital começou na Kitanda da Tourada, um local que tem servido como escapatória para diversão aos fins-de-semana aos munícipes da Maianga e não só. Criada em 2013, a Kitanda da Tourada é um conjunto de pequenos estabelecimentos, onde a maior parte se dedica à venda de bebidas e comidas. Dado o objecto de negócio dos estabelecimentos da Kitanda, o uso das casas de banho é uma questão óbvia. É por esta questão que muitos pensam que as casas de banho daquele local devem estar piores que todas as casas de banhos que durante este mês o Jornal OPAÍS tem vindo a (ou vai) reportar. Jorge Caolo, que durante a nossa reportagem usou o local, é de opinião que não se deve cobrar para ir a uma casa de banho num local como a Kitanda, onde há sempre pessoas a fazer o consumo de bebidas alcoólicas ou a comer.

Em algum momento, esta pessoa precisará de usar a casa de banho, e não é correcto que lhe seja cobrado um valor para tal, segundo ele.“O uso para os clientes também devia ser livre, para evitar, por exemplo que quem não tenha 100 Kz, ou dinheiro trocado para dar, vá à rua fazer xixi. Também, a casa de banho não é assim tão higiénica, precisa melhorar”, disse. Fazer as necessidades fora daquele espaço tem sido muito comum, por isso, os carros estacionados ao redor da Kitanda têm servido de “refúgio”. Outros cidadãos que estavam na mesa de Jorge comentaram que algumas vezes preferem urinar em casa de um amigo que vive ali próximo, uma vez que são moradores da zona.

Donos de estabelecimentos não pagam

Os proprietários e funcionários dos estabelecimentos que fazem parte da Kitanda não pagam a taxa de uso das casas de banho, segundo nos confirmou a administradora da Kitanda, Conceição da Costa. É uma taxa que é cobrada apenas aos clientes ou visitantes da Kitanda, e os 100 Kz servem para todo o dia, embora não exista uma ficha ou factura que prove o pagamento. “Estamos a nos organizar neste sentido, mas enquanto não existe, o segurança procura memorizar os rostos dos que já fizeram o pagamento. Temos dois jovens responsáveis pela limpeza e estamos à espera da resposta da Administração Municipal para o processo de reestruturação”, disse.

A Kitanda tem seis anos de existência e desde que foi construída não passou por um processo de reestruturação. Dado o tempo de existência, alguns dos equipamentos já não funcionam, como a electrobomba, por exemplo, que, consequentemente, deixou inoperante o autoclismo da casas de banho masculina e feminina. A princípio, a higienização do local é feita de forma manual e o valor cobrado para o uso do balneário serve para a compra dos detergentes, bem como para pagar os voluntários que tratam da limpeza. Com a água da rede pública, segundo a gestora, tem ficado mais fácil deixar o espaço limpo.

Aos polícias não se cobra

Enquanto na Kitanda da Tourada os proprietários dos estabelecimentos não pagam para o uso das casas de banho, no mercado do São Paulo, as vendedeiras com que conversamos disseram que lhes é cobrado 50Kz para o uso diário do balneário, coisa que para elas não devia existir. Não reclamaram das condições da casa de banho, que comparadas com urinar na rua são muito melhores, segundo as vendedeiras, mas dever-se-ia concertar as portas que já estão em elevado estado de degradação. “Às vezes fazemos xixi com medo de entrar alguém que não seja mulher e te surpreender.

A administração tem de ver a questão das portas. De resto, temos as mínimas condições para se fazer as necessidades, embora já esteja na hora, por exemplo, de se trocar as sanitas que já estão muito antigas. A casa de banho não tem um mau cheiro, só precisam mudar estas duas coisas”, defende, dona Antónia Augusto. Para manter-se as casas de banho limpas, é necessário eleger alguém para tomar conta, e as casas de banho do mercado do São Paulo estão sob a responsabilidade de um mais velho que exerce a profissão de alfaiate, próximo da casa de banho. O detergente em pó, a lixívia e a creolina são alguns dos produtos usado para a limpeza do local, que tem a água canalizada da rede pública. Todos pagam para o uso da casa de banho, com excepção dos polícias de ordem pública, os militares, os fiscais e seguranças. “O valor pago, de 100, é por cada vez que se faz as necessidades. As vendedoras daqui é que recebem uma ficha, de 50Kz, para o uso durante todo o dia.

Antes de se entrar na casa de banho tem de se pagar e recebe-se dois guardanapos de papel. Depois de sair, se lavar as mãos, recebe igalmente dois guardanapos de papel”, conta o mais velho. Na casa de banho do Mercado Asa Branca, embora não nos tenha sido permitido fazer o trabalho, porque a administração precisava de uma autorização superior, constatamos que a organização das casas de banhos é feita da mesma forma que no mercado do São Paulo. Entretanto, importa frisar que reportamos apenas as casas de banho dos mercados municipais, ou os ditos oficias, pelo que temos noção da existência de muitos mercados que, embora sejam conhecidos, não são reconhecidos pela administração local, por serem informais. Nestes mercados (informais) as necessidades fisiológicas muitas vezes são feitas ao ar livre.