Manias & Grandezas

No Sábado, infelizmente, regressei ao cemitério do Benfica, em Luanda, para nos despedirmos do jornalista, escritor e revisor António Setas. Acredito que não exista quem goste de andar ou passar, frequentemente, pelos campos santos, mas, ironicamente, a vida nos obriga a lá estar quando necessário. O cemitério do Benfica, hoje quase preenchido, foi construído, inicialmente, para ser o maior de Luanda ou mesmo de Angola, mas na época em que passou do papel para a realidade alguns responsáveis, sem pejo, não se sentiam constrangidos em dizer aos órgãos de comunicação social que teríamos o maior cemitério de África. Ao invés de construirmos cemitérios pequenos, porque os angolanos morrem poucos, dando primazia aos cuidados primários e secundários de saúde, quis o nosso destino que fossemos brindados com o maior de África, até neste quesito. Embriagados pelo boom do petróleo, entre os anos 2002 e 2008, que significou uma entrada nunca vista de receitas, aos governantes angolanos não importava edificar apenas infra-estruturas funcionais, à semelhança do que observamos em muitas partes do mundo, incluindo em África. Talvez para justificar a sangria que era feita aos cofres públicos, num ápice fizemos até emergir aquilo que para o então Presidente do Conselho de Administração da ENANA, Camilo Ceitas, seria ‘o mais importante’ aeroporto da África Central: o moribundo Novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL). Com pouco menos dinheiro