Deus embalado em sotaque brasileiro

Deus embalado em sotaque brasileiro

Os estragos que certas igrejas têm causado em Angola merecem há muito uma investigação séria e tomada de medidas drásticas por parte do Estado. Não faz mal o poder político expor-se também, no fim ganhará mais votos do que os que perderá. O que não pode continuar a acontecer é fechar-se os olhos a salteadores perigosos e sem coração que não hesitam em esfolar, literalmente, o pobre mais pobre. Na verdade, nem sequer de igrejas se trata, são indústrias com cariz até criminoso, cuja técnica passa por vender Deus embrulhado em sotaque brasileiro e enfeitado com o laço da promessa de prosperidade. O Estado angolano é laico, é verdade, mas tem a obrigação de proteger o cidadão e a sociedade. Nada de o Estado não se mete em assuntos religiosos, isto só se agentes do Estado estiverem coniventes e a enriquecer também, ou se o Governo vender a alma em troca de votos. Todos os dias estas igrejas vendem milagres, prometem tudo, até riqueza para quem der o que tem, mas basta comparar o número de milionários que as loterias fazem por ano, num jogo consciente de apostas, e o número de ricos que estas igrejas fazem por ano com as suas promessas. Quem joga e ganha pode ser encontrado, dá para verificar, só quero ver mesmo, materialmente, quem enriqueceu nestas igrejas, quem ficou curado de um cancro, por exemplo. E também quero saber por que recorrem a um médico quando ficam doentes os pastores e bispos milagreiros. Na verdade, há muito que algumas pessoas alertam sobre a roubalheira aos pobres, mas o Estado, o SIC, a PGR, o Governo, infelizmente, não têm a coragem necessária para assumir o barulho.