Embaixador Belga dispõe-se a apoiar lar Kuzola

Embaixador Belga dispõe-se a apoiar lar Kuzola

O facto de a direcção do Lar de Infância Kuzola ter implementado o lema “Esperança para um futuro melhor”, um refrão com que as próprias crianças receberam, em cântico, Jozef Smets e a sua delegação, animou ainda mais o embaixador a accionar mecanismos que possam reforçar a formação, paz de espírito e o desenvolvimento das crianças carentes.

“E como todo o pessoal que trabalha aqui tem muita paixão, muito amor e carinho, anima-nos a avançar, até porque elas demonstraram que têm esperança de um futuro melhor”, disse o embaixador da Bélgica, fazendo alusão à canção entoada pelas crianças, de mão ao peito. Josef Smets garantiu que a EFFA é uma instituição que está activa, com actividades visíveis em Angola, razão pela qual ele e os in-otegrantes da sua comitiva aderiram ao convite endereçado pelo seu presidente, Daniel Ribant, e pelo representante local de Angola, Carlos Vaz, a fim de verificar, de perto, o impacto dessas acções.

“Como diplomata, estou a visitar o impacto das acções sociais, para conhecer as realidades, de modo a apoiar a actuação das nossas organizações”, reforçou. Garantiu ainda ter tomado em boa nota as preocupações levantadas pela directora do Lar de Infância Kuzola, Engrácia do Céu, cuja incidência residiu na necessidade de reabilitação das infraestruturas. Acerca disso, o embaixador prometeu contactar algumas empresas belgas que apostam no ramo da construção, para poderem ajudar nesse sentido “Nós temos uma empresa belga do ramo de construção civil, por isso vou contactá-los, com a ideia de a embaixada reforçar a ligação entre empresários, organizações e a comunidade belga residente em Angola”, garantiu o representante da nação belga em Angola, que reiterou a necessidade urgente de se devolver a alegria aos pequenos do lar.

Josef Smet não deixou de chamar a atenção da sociedade angolana para evitar ambientes familiares que favorecem a rápida existência da pobreza, gravidez precoce e outros problemas sociais que considerou bastante visíveis, tendo asseverado que os indicativos do género estavam representados no quadro que acabara de ver no centro de acolhimento. Outra inquietação manifestada por si, durante a visita, foi sobre as condições precárias em que as crianças chegam ao Lar Kuzola, sobretudo as mais novas (os bebés).

Receber para dar

Daniel Ribant, presidente da A EFFA, informou que a sua instituição é uma organização nãogovernamental (ONG) que trabalha em Angola com parceiros muito sérios, visto que a sua actuação passa por receber recursos ou outro tipo de doações na Europa, e não só, para doar às instituições com carência justificada.

“Há cinco anos que adoptamos esse orfanato e ajudamos por duas maneiras, uma em jeito de doação material, designadamente de medicamentos e material de farmácia, sendo que a outra forma passa por motivar e sensibilizar empresas, sobretudo as ligadas ao sector privado, para desenvolverem um programa de ajuda social”, revelou o chefe geral da EFFA, que também admitiu estarem a apoiar um centro de acolhimento dirigido por pessoas muito comprometidas.

No intuito de demonstrar os resultados da acção da sua fundação, Daniel Ribant falou da empresa Suave, que foi chamada a oferecer, regularmente, materiais gastáveis para o Lar Kuzola, uma actividade que também é levada a cabo pela Dimassaba, uma panificadora que doa diariamente 500 pães para os petizes do centro em causa não ficarem sem o pequeno-almoço.

Medicamentos esperados A visita da embaixada belga ficou também marcada pela entrega de um quite de medicamentos, bastante aplaudido pelo sector de saúde do Lar Kuzola, por integrar fármacos de necessidade diária, como foram mencionados os casos do paracetamol, ibuprofen e um remédio que a enfermeira Domingas Castelo preferiu denominar pela sigla UL. “O UL é um medicamento muito útil para combater diarréias, que são muito recorrentes aqui, por causa do desmame brusco e da consequente amamentação por via de biberão”, explicou a enfermeira, sem escusar de referir o ganho do anti-inflamatório ibuprofen, sobretudo devido às quedas que as crianças têm, e do paracetamol no combate da febre e dor-de-cabeça.

Mãe domingas, como é carinhosamente tratada pelos pepinos do lar revelou que o lar possui apenas seis enfermeiros para mais de 400 crianças, tendo manifestado o desejo de ver esse número aumentado, a fim de poderem atender melhor as crianças que, segundo ela, tanto precisam de acompanhamento regular. “Entre os seis enfermeiros, temos apenas duas diaristas”, acrescentou.

Redobrar apoio psicológico Quem também lamentou o facto de estar a trabalhar com uma equipa muito pequena é a psicóloga Bernardete e Silva. Embora não tenha avançado o número de efectivos desta especialidade, a funcionária, que trabalha no lar há mais de cinco anos, advertiu dizendo que, mais do que problemas somáticos, os petizes apresentam problemas do fórum psicológico, normalmente causados pela forma como são abandonados. “Não devemos pensar que por serem bebés, actos do género perpetrados por mães não afectam o lado psicológico dessas crianças”, avisou a psicóloga, considerando que o problema se apresenta mais grave nessa faixa etária.

Casos que envolveram regressos de pais a reclamarem a guarda de seus filhos, anos depois ter custado a superação integral, preocupam a especialista que, na maior parte dos casos, receia haver descontinuidade no processo de acompanhamento do género. Relativamente a isso, assegurou que, no caso de constatar veracidade nos motivos apresentados por progenitores, o Lar de Infância Kuzola não resiste, formalizando apenas a passagem do processo pelas instâncias judiciais.

Louvado apoio da effa

Reagindo à visita do embaixador da Bélgica, a directora do Lar de Infância Kuzola não escondeu a sua alegria pelo facto de uma embaixada ter noção daquilo que Angola está a fazer na vertente de protecção à criança. Relactivamente à European Foundation for Angola Promotion and Development (EFFA), que consentiu como um parceiro que apoia ou complementa as acções do lar, há mais de quatro anos, aplaudiu a postura de mobilização de outros parceiros para reforçar a satisfação das necessidades do Lar Kuzola. “Para esta actividade, que é uma questão específica, pelo facto de ter trazido o embaixador da Bélgica, alegra-nos, porque é benéfico ele próprio ter contacto com os meninos, ter visitado o nosso espaço”, declarou. Considerou o lar estável em termos daquilo que é a satisfação das necessidades básicas das crianças, conquanto tenha admitido que ainda precisam de muita ajuda.

Brincadeiras, presente aos visitantes

Ajudados por professores, educadores sociais e outros funcionários, a quem as crianças do Kuzola tratam carinhosamente por pai ou mãe, os mais de 400 pepinos abrilhantaram a manhã de 6 de Março com brincadeiras de vária ordem. Mas o momento mais alto aconteceu quando o pequeno Filipe, de cinco anos de idade, subiu ao palco adaptado para declamar um poema de Natal em língua Kimbundu, com duração de um minuto e 36 segundos. Suscitou um forte aplauso da equipa da embaixada reforçado com os dos seus irmãos do lar. Declamação de poemas livres, enchimento e rebentamento de balões, danças e jogos de cadeira preencheram a lista de actividades lúdicas apresentadas pelas crianças, que, por fim, agradeceram a presença dos visitantes, num gesto resumido em sorriso no rosto e admiração.