O resguardo dos chefes

O resguardo dos chefes

Em Angola, como se sabe, é normal o Presidente estar distante dos outros, fisicamente falando, claro. Foi sempre assim. Basta ver uma imagem de uma reunião do Conselho de Ministros para se perceber quem está no Olimpo e quem está abaixo. Em Alguns governos provinciais a coisa é mais ou menos semelhante. De contaminação pelo Coronavírus, por este “distanciamento”, o nosso Presidente já se livrou.

Agora correm imagens de Angela Merkel a levar um “tampa” ao pretender apertar a mão de um senhor. Ela queria apenas cumprimentar. O homem recusa-se e toda a gente acha graça. Os risos são de aprovação, incluindo o da chanceler alemã. Nestes dias de Coronavírus todo o cuidado é pouco. Mas começa a correr um outro vídeo, em que é protagonista o vice-presidente norte-americano, Mike Pence. Ele desce as escadas de um avião e saúda quem o espera com um toque de cotovelo.

Tipo putos a ensaiar ser “gregos”. Todos nós brincando disso. São sinais positivos para a instrução das pessoas sobre como proceder nestes dias de Covid-19. Mas acho que tudo isto também encerra algum exagero.

Daria mais jeito filmagens com os líderes mundiais observando importantes cuidados de higiene e saúde preventiva, em vez de atacarem o que há de mais importante entre as pessoas, a saudação, o abraço. Aliás, depois destes cuidados “elementares”, quer Merkel, quer Pence, seguem conversando com as pessoas a menos de um metro de distância, aí o Covid-19 pega. O nosso Presidente estaria mais resguardado.