Agentes da Polícia acusados de matar cidadão durante tumulto

Um grupo de efectivos da Polícia Nacional está a ser acusado de ter morto um cidadão e ferido outro com disparos de arma de fogo, na manhã de ontem, ao abordar um grupo de jovens que causava tumultos na zona dos Quartéis, nas proximidades do Distrito de Recrutamento Militar de Luanda, na Maianga. Segundo a Angop, o acto começou por volta das 8 horas, quando os jovens responderam a um falso anúncio de recrutamento das Forças Armadas Angolanas (FAA), na Guarnição Militar de Luanda. No local, testemunhas revelaram que o tumulto se iniciou depois de um militar ter agredido à paulada um dos jovens. Chamados a manter a ordem e a tranquilidade, os agentes da Polícia dispararam contra a multidão, tendo alvejado mortalmente um homem, enquanto outro foi encaminhado para uma unidade hospitalar pública.

Um oficial da Polícia Nacional confirmou o motivo pelo qual as forças foram chamadas ao local. Esclareceu, porém, que ao longo do tumulto foram feitos disparos com arma de fogo, que causaram uma morte e um ferido e, neste momento, está-se a averiguar a origem dos tiroteios. Os jovens são acusados de interditar a rua Ndunduma durante cerca de duas horas, no troço que liga o Largo das Heroínas ao bairro Calemba, bem como de terem danificado viaturas que circulavam naquela via. Fontes ligadas ao Distrito de Recrutamento negam ter feito informação oficial sobre inscrições para ontem, mas suspeitase que o anúncio tenha sido feito via redes sociais por um grupo de burladores que, em troca de valores monetários, convocaram o falso recrutamento.

Importa frisar que são vários os relatos de mortes de cidadãos por agentes da Polícia Nacional. Nos casos mediatizados o destaque recai para Juliana Cafrique, a zungueira morta a 12 de Março de 2019, no Rocha Pinto, em Luanda, cujo autor dos disparos, o agente Gonçalo Canga, foi condenado a 16 anos de prisão no dia 24 de Janeiro do corrente ano. Ainda em Luanda, o jovem Autamiro Carlos Gomes, 26 anos, morador do Bairro Nzaji (lado oposto ao da urbanização Nova Vida) terá sido morto pela Polícia em Dezembro de 2019 quando procurou ajudar o seu vizinho.

No mesmo ano, mas no mês de Setembro, um agente da Polícia Nacional provocou a morte do cidadão Adolfo Kandjongo, de 36 anos de idade, na cidade de Benguela, ao alvejá-lo na região torácica com disparo de uma pistola. O crime ocorreu junto da lanchonete “Pacas”, defronte do Centro Pré-universitário localizado no bairro do Quioche, quando o autor do disparo até se encontrava de folga.