Homenagem a Arnaldo Santos na UEA termina com celebração do seu 85º aniversário natalício

Homenagem a Arnaldo Santos na UEA termina com celebração do seu 85º aniversário natalício

O auditório da União dos Escritores Angolanos, em Luanda, foi pequeno para o público que lá se deslocou para testemunhar a cerimónia de homenagem a Arnaldo Santos, a voz de um clássico da Literatura Angolana. Envoltos num clima agradável, nostálgico e harmonioso, familiares do homenageado, amigos, escritores, políticos e admiradores do escritor avançavam os seus depoimentos associados à trova ao som da guitarra de Cândido Ananás e do grupo Raízes. A reverência a Arnaldo Santos era alternada com recitais que terminavam com grandes aplausos.

Ao intervir na cerimónia, o anfitrião, David Kapeleneguela, secretário-geral da União dos Escritores Angolanos, aproveitou o momento para dirigir uma palavra de apresso a todos quantos se dignaram juntar-se ao evento para tão merecida homenagem ao escritor membro-fundador Arnaldo Santos, o autor de “A Casa Velha das Margens”. Referiu que homenagear Arnaldo Santos, “O Mais Velho Menino dos Pássaros”, é evidenciar o nível mais alto da história da literatura angolana, e enalteceu a sua entrega, dedicação e contribuição para a história e desenvolvimento da nossa literatura, face aos desafios que o país enfrenta nos domínios da criação literária e da edição do livro.

O secretário da União sublinhou que o aperfeiçoamento da promoção da leitura, da construção lógica e formulação coerente do pensamento, assim como a promoção dos escritores angolanos dentro e fora de Angola constituem algumas das preocupações e estão permanentemente nas prioridades da actual gestão da União dos Escritores Angolanos. “Temos um programa de trabalho para executar, e constitui um compromisso integrador de expectativas que materializam a nossa visão comum desta União partilhada”, disse Kapelenguela, acrescentando que o homenageado iniciouse muito cedo na literatura e aos 20 anos publicou a sua primeira colectânea de contos, a qual intitulou “Quinaxixi”.

Recordou que com o livro de crónicas “Tempo do Munhungo”, Arnaldo Santos, arrebatou, em 1968, o Prémio Mota Veiga, um dos poucos atribuídos em Luanda na década de 1960 e 70, sendo, desta forma, um autor que se situa num nível singular de tratamento da linguagem. Já o escritor Luís Kandjimbo, convidado a fazer uma incursão nas obras de Arnaldo Santos, destacou o livro “Três Estórias de Ontem”, do qual é autor da nota introdutiva, como o primeiro contacto com a criação deste escriba, há mais de quatro décadas, no contexto das mudanças políticas desencadeadas após o 25 de Abril de 1974 em Portugal.

Consequentemente, acrescentou, as reformas curriculares parciais do ensino liceal, exigido ao abrigo das euforias libertárias, deram lugar ao uso dos topos literários angolanos como matérias de apoio na disciplina de língua portuguesa.