Mobilidade e infra-estruturas entre as razões para a construção do monumento às vítimas de conflitos políticos em Luanda

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queirós, afirmou que a escolha de Luanda para a construção do monumento em memória às vítimas de conflitos políticos devese ao facto de a capital do país ser o ponto de maior concentração populacional, o que vai atrair um grande número de visitas ao memorial, quando for construído.

O ministro, que falava em recente entrevista a OPAÍS, disse que, para além de ser o epicentro da população angolana, Luanda dispõe de condições de infra-estruturas que garantem maior mobilidade aos turistas e aos nacionais, facto que vai contribuir para que, efectivamente, o memorial passe a registar a presença considerável de visitantes nacionais e estrangeiros, a julgar pelo interesse que a obra vai representar, devido ao seu valor simbólico. Segundo Francisco Queirós, apesar de as regiões Sul e Centro do país terem sofrido bastante com os conflitos políticos, sobretudo com a guerra civil que Angola viveu desde 1975 e que continuou, com alguns intervalos, até 2002, ainda assim não seria prudente que o monumento fosse construído nestas regiões, como defendem alguns segmentos da sociedade civil.

Esses apontam o Huambo, Bié e Cuando Cubango como das regiões do país aonde devia ser construído o referido memorial. Para o ministro, além da questão da mobilidade, a julgar pelas dificuldades ainda existentes no acesso a essas províncias, sobretudo por via terrestre, tendo em atenção a degradação de muitos troços do país, a construção do memorial nestas regiões não devia ter os resultados esperados, sobretudo no que toca a visitas de turistas e de cidadãos nacionais.

Conforme explicou, apesar da livre circulação de bens e pessoas que o país actualmente regista, ainda assim Luanda continua a ser o centro das principais decisões económicas, políticas e culturais, o que acaba por atrair as atenções dos nacionais e estrangeiros. “Penso que é um assunto consensual. Sem desprimor para outras províncias, até porque reconhecemos o valor de cada uma delas, mas Luanda ainda é a parte do país onde residem a maior parte dos angolanos. Então, é justo que o monumento esteja cá, porque vai atrair mais visitantes”, apontou.

Ainda sem orçamento

Por outro lado, Francisco Queirós deu a conhecer que, actualmente, ainda não há um orçamento definido para a construção do memorial, porque as equipas técnicas continuam a fazer o estudo e a avaliação de todo o processo, pelo que é prematuro a definição de valores. “Para nós, o mais importante é que o memorial seja construido, independentemente dos valores. O grande valor que queremos dar a todos, que directamente ou indirectamente sofreram com os conflitos políticos, é a valorização e o reconhecimento do Estado no apaziguamento das tensões e na promoção da paz e da reconciliação”, frisou.

De referir que pretende-se, com o referido plano, proporcionar um mecanismo para o diálogo convergente no sentido de alcançar a paz espiritual da sociedade e criar uma plataforma de abordagem dos pendentes de um passado doloroso que possam ameaçar a reconciliação. O plano visa igualmente dar tratamento às famílias e pessoas que sofreram com os males resultantes de episódios de violência física ou espiritual de 1975 a 2002, e construir as bases para tratamento social e institucional dos males específicos causados no contexto da guerra civil.