Mais de 40 moto-taxistas julgados por desobediência ao estado de emergência

Mais de 40 moto-taxistas julgados por desobediência ao estado de emergência

O Tribunal Provincial de Luanda julga, desde ontem, um grupo de 44 jovens que sobrevivem da actividade de moto-táxi, por inobservância da ordem que consta no Decreto de Estado de Emergência. O serviço de moto-táxi deve estar suspenso durante o período emergencial e a AMOTrANG lamenta o facto de existirem associados a desobedecerem tal ordem

Por:Romão Brandão

A manhã de ontem, 2 de Abril, serviu para o início do julgamento sumário de 44 moto-taxistas, em várias salas dos tribunais municipais da província de Luanda, por desrespeito às regras do Decreto Presidencial de Estado de Emergência, face a pandemia Covid-19. Deste número, foram condenados 22 a penas de 20 a 30 dias de prisão, convertidas em multa de 20 a 30 mil Kwanzas. Os outros 22 cidadãos conhecerão a pena hoje. Consta no Decreto Presidencial n° 82/20 de 25 de Março, no Artigo 29° n°3 a proibição da circulação e o exercício de actividade de moto-táxi enquanto durar o estado de emergência declarado.

Por desobediência, os arguidos foram encaminhados ao tribunal, após serem detidos durante uma micro-operação ocorrida em diversos municípios da cidade capital, concretamente em Cacuaco, Kilamba-Kiaxi, Talatona e Icolo e Bengo, que culminou igualmente com a apreensão das motorizadas dos referidos moto-taxistas em julgamento. Essa é uma situação que o presidente da AMOTRANG, associação dos moto-taxistas de Angola, Bento Rafael, lamentou, pois apesar dos apelos que tem vindo a fazer nos meios de comunicação social, muitos associados insistem em trabalhar e desobedecer a proibição do estado de emergência. Em entrevista ao jornal OPAÍS, a reacção de Bento Rafael foi de tristeza, porque os próprios moto- taxistas sabem que exercendo tal actividade, com o novo Coronavírus à solta, colocam em risco a sua via e a vida dos seus familiares, porquanto a aproximação entre o condutor e passageiro é inevitável.

“Muitos passageiros agarram-se ao condutor como se fosse sinto de segurança. Neste período grave a actividade de moto-táxi deve parar, devemos fazer algum sacrifício, mas, lamentavelmente, algumas pessoas insistem em trabalhar. As leis devem ser respeitadas e cumpridas”, disse. Bento denunciou que muitas dessas motorizadas têm um patrão e é este indivíduo, que a princípio devia ter uma posição contrária, que depois obriga o trabalhador a trazer a conta diária, apesar de todos os riscos de contaminação. Defende que os seus associados devem fazer algum sacrifício e paralisar mesmo. É um sacrifício que não é só dos moto-taxistas, mas de todos, para um bem maior, segundo o entrevistado, só que o momento exige para o bem “vida”.

“Muitos desses taxistas estão na aflição, insistem em trabalhar e quando são interpelados pela Polícia estão a cometer atropelamentos, partem sem direção, não medem o que encontram à frente e resulta em consequências graves. Não vamos concordar com este comportamento”, reportou. A nível do país, a AMOTRANG procura não se cansar de orientar os seus delegados provinciais no sentido de continuarem a sensibilizar os moto-taxistas a paralisarem temporariamente o trabalho, até passar esta fase difícil. “Estamos a lutar contra um vírus que ninguém sabe quem já tem, por isso, toda a cautela é importante e a obediência às leis é uma boa iniciativa”, finalizou.