Director da OMS revela ameaças de morte e a de cunho racista

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, revelou nesta Quarta-feira que nos últimos três meses, período durante o qual a entidade tem liderado o combate global ao novo coronavírus, recebeu ameaças de morte e ataques de diversos tipos, incluindo de conotação racista. “Há três meses tenho sofrido ataques pessoais, alguns racistas, e, para ser honesto, estou orgulhoso da minha cor.

Recebi até ameaças de morte, mas não me importo. Porque me importaria de ser atacado se as pessoas estão a morrer? Estamos a perder vidas a cada minuto”, disse o dirigente etíope. Microbiologista, ex-ministro da Saúde e das Relações Exteriores da Etiópia, o director da OMS afirmou que um dos primeiros ataques veio de Taiwan, e que o governo, no auge da crise do coronavírus na Ásia, não se distanciou dessas intimidações.

Ataques e intimidação

Em entrevista colectiva virtual e acompanhado por dois dirigentes que coordenam a resposta da OMS à pandemia, o director-geral afirmou que, embora não dê atenção aos ataques, sente grande tristeza quando estes são dirigidos contra o povo ou o continente africano. “Quando é pessoal, não me importo, não sou melhor do que ninguém, mas quando toda uma comunidade é insultada, não posso tolerar isso”, disse em tom tranquilo.

Tedros Adhanom acrescentou que a OMS “não faz política” e que a sua missão é “cuidar dos pobres e vulneráveis” nestes tempos em que o mundo inteiro está envolvido na crise provocada pelo novo coronavírus. “A OMS fará o seu melhor para não lamentar nada, mas pelo caminho cometeremos erros, como qualquer ser humano”, disse, ressaltando que existem e existirão avaliações das medidas e erros que a organização possa ter cometido desde que foi detectado o surgimento do coronavírus.