Angola defende programa conjunto FAO -União Africana

Angola defende programa conjunto FAO -União Africana

O Governo angolano advogou na Quinta-feira a colaboração entre a FAO e a União Africana (UA) para a elaboração de um programa especial nesta fase de contenção da propagação da Covid-19, com vista à retoma da produção e produtividade no continente

A posição de Angola foi avançada pelo secretário de Estado da Agricultura e pescas, José Carlos Bettencourt, durante um encontro virtual realizado entre os titulares da Agricultura de África e a União Africana, que abordou, entre outros temas, as implicações da Covid-19 na segurança alimentar a experiência dos países africanos no combate e prevenção da pandemia. Para o governante angolano, é importante a contribuição da FAO e da UA para a criação de um clima internacional, em que se possa continuar a ter acesso fácil aos mercados de inputs agrícolas, mormente sementes e fertilizantes, assim como a alimentos e, ao mesmo tempo, assegurar as exportações dos produtos do continente como petróleo, café, o cacau, peixe, frutas e outros. De igual modo, acrescentou, poderiam pugnar por uma certa estabilidade dos preços dos produtos ao nível mundial, para não agudizar a situação do continente, pelo que “saudamos esta iniciativa da FAO e da UA, augurando que se criem instrumentos para a interligação, no futuro, do trabalho de ambas, no domínio agrícola”.

Medidas adoptadas pelo Governo angolano

Na sua intervenção, o secretário de Estado fez uma retrospectiva das medidas que têm sido adoptadas pelo Governo para fazer face ao impacto do coronavírus em domínios como a saúde, segurança alimentar e na economia real, sobretudo no sector produtivo, com destaque para a agro-pecuária, pescas, indústria e o comércio. O sector informal, de que dependem boa parte das famílias angolanas, foi igualmente referenciado pelo governante, que deu a conhecer o financiamento das actividades agrícolas familiares a cargo dos bancos e do Fundo Agrário. Referiu que o Fundo de Capital de risco prepara-se para conceder micro-crédito, apoiar as escolas de campo e as caixas de crédito comunitárias. Informou que o Fundo de Emergência, criado pelo Governo, vai providenciar apoio aos programas para a agricultura, pecuária e pescas e, sobretudo, para as comunidades mais vulneráveis.

Lições e experiências

Quanto às lições e experiências neste período de combate à Covid-19, elencou, entre outros, a importância de educação da juventude e das comunidades vulneráveis, e o envolvimento da mulher na educação sanitária e na formação de famílias sãs, com objectivo de serem mais produtivas. A solidariedade para o combate à pobreza e à prevenção sanitária, em particular da Covid-19, bem como assegurar reservas mínimas de alimentos, pela incerteza do tempo da pandemia, foram igualmente apontados pelo secretário de Estado. Deu a ainda conhecer que o Governo transformou as acções deste período de pandemia num programa adaptado às zonas agrícolas e incentivou a troca de experiências, para que os resultados sejam bem-sucedidos, acrescentando que nas zonas rurais foram preparados postos clínicos agrícolas e hospitais com equipamentos e produtos de higiene, sanitários e alimentares.

O secretário de Estado apelou a todas as forças solidárias para que ajudem os países com maiores dificuldades, pois o combate e a prevenção da Covid-19 implicam não só recursos humanos especializados e educação social, mas também recursos financeiros. A representante permanente de Angola junto da FAO, Fátima Jardim, enalteceu a iniciativa, destacando o compromisso do director-geral desta organização das Nações Unidas de colocar a África nas suas prioridades da para com a África, bem como da União Europeia. No final dos trabalhos, foi aprovada uma declaração a reforçar o engajamento dos ministros no combate à pandemia, a importância de se conter o contágio entre as cidades e as zonas rurais, a redução das perdas pós-colheitas, o comércio inter-regional, a necessidade de redobrar esforços para garantir alimentos durante e depois do surto e a importância de políticas pragmáticas.