OPSA apresenta estratégia ao Governo para enfrentar a Covid-19

OPSA apresenta estratégia ao Governo para enfrentar a Covid-19

O Observatório Político e Social de Angola (OPSA) apresenta estratégias para enfrentar a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) que o país e o mundo estão a enfrentar

Por:Ireneu Mujoco

No documento, a que OPAÍS teve aceso, o OPSA refere que o objectivo é o contribuir para a definição e implementação de uma estratégia para se enfrentar a pandemia da Covid-19, de forma eficaz “em termos epidemiológicos” e para um desenvolvimento económico, justo e solidário em termos sociais, e democrático no que se refere à governação. “A pandemia da Covid-19 obriga todos os países a tomarem medidas de prevenção, tratamento e controlo da doença”, diz o documento, que mais adiante reconhece que Angola adoptou atempada e sensatamente medidas positivas. “É de salientar que a decisão de decretar o estado de emergência foi tomada de modo dialogante, com o apoio do Conselho da República e assente num consenso das forças políticas e sociais do país”.

Para além de decretar o estado de emergência, segundo O OPSA,país implementou rapidamente um sistema de quarentena institucional e as autoridades procuram comunicar diariamente a evolução da situação. “Medidas de reforço do abastecimento de água às comunidades, de controlo do horário de funcionamento dos mercados, de restrição de movimentos, dentro das províncias e entre as mesmas, de encerramento de fronteiras, de contratação de médicos cubanos e de importação de testes, fármacos e ventiladores são muito relevantes”, enaltece. Para o Observatório Político e Social de Angola, combater uma pandemia, assegurar a vida e a segurança das pessoas, mitigar as consequências sociais danosas, reinventar a economia e preservar e aprofundar a democracia são prioridades às quais se deve responder em simultâneo.

Grupo mais vulnerável

O relatório refere ainda que a experiência da pandemia noutros países tem vindo a mostrar que os grupos de risco são os idosos, as pessoas com doenças crónicas (doença cardíaca, pulmonar, diabetes, neoplasias, hipertensão arterial, entre outras). O mesmo realça que estas pessoas têm o sistema imunitário comprometido (devido a tratamentos de quimioterapia, tratamentos para doenças auto-imunes, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla, entre outros exemplos), como pessoas com infecção VIH/ SIDA e doentes transplantados

. O documento alerta que a incidência e severidade da doença nestes grupos pode, contudo, assumir diferentes expressões consoante os perfis epidemiológicos, demográficos e sociais dos países. Avança que em Angola, por exemplo, o peso da população idosa é ainda baixo, mas aponta a malnutrição como sendo uma realidade muito importante, havendo segmentos significativos de população a “viver com o HIV/SIDA e com a tuberculose, bem como com diabetes e hipertensão”.

“Isto significa que haverá uma grande heterogeneidade neste grupo de risco, o que, certamente, demandará por um conjunto também mais complexo e diversificado de medidas de contenção e tratamento”, sustenta o documento elaborado pelo OPSA. Segundo este Observatório, a identificação de vulnerabilidades e a definição de grupos de risco deverá, igualmente, levar em conta as especificidades do contexto de vida real das populações. Para além desta preocupação para com as determinantes sociais de saúde, a atitude e o comportamento das pessoas serão outras variáveis importantes a ter em conta, diz ainda o documento de 12 páginas.

Medo e pânico O OPSA observa também que as atitudes têm sido diversas e incluem a indiferença e o menosprezo pela pandemia, gerando uma reacção de “medo e pânico” que tende a estar associada à adopção de medidas e políticas populistas,repressivas e não solidárias. O relatório denuncia haver uma desconfiança profunda face às autoridades que pode resultar no não acatar as medidas promulgadas, e mesmo uma atitude oportunista e egoísta de quem, através da especulação, procura tirar o máximo lucro da crise. A disseminação de notícias falsas, propulsionada pelas redes sociais, é apontada como estando a contribuir em grande escala para a desinformação e para a erosão da fraternidade, segundo o OPSA. “Uma coesão social forte e solidária é o maior capital que algum país poderá ter para enfrentar a pandemia e construir o pós-pandemia”, considera.

Vacinas contra a Covid-19

Para combater a pandemia, o Observatório recorda existir várias possíveis vacinas em ensaio clínico, mas as perspectivas mais optimistas para conseguir uma vacina contra o Covid-19 apontam para num horizonte de 12 a 18 meses. “Decorrem também ensaios clínicos para analisar a eficácia de determinados medicamentos como, por exemplo, a cloroquina”. Até se obterem resultados conclusivos, a sua utilização, o OPSA alerta que deve ser feita com cautela e por profissionais de saúde, realçando que Angola anunciou oficialmente a aquisição deste medicamento. “Trata-se aqui de uma estratégia de reposicionar medicamentos que estão disponíveis no mercado e estão acessíveis, já que o desenvolvimento de novos medicamentos será ainda mais demorado do que a própria vacina”, refere.

Discórdia no uso de máscaras

Sobre esta matéria, o OPSA refere que o uso de máscaras tem sido também muito discutido com argumentos a favor e contra, defendendo que são um recurso que deve ser gerido, apelando que “contradições e incongruências como estas não podem estar na base das decisões”.