Uma das vidas ou todas?

Uma das vidas ou todas?

O senhor “sabes quem eu sou?” morreu ontem numa das suas vidas, esperemos que não seja gato mais gato do que todos os outros gatos, daqueles de mais do que sete vidas. Agora falta o senhor “ordens superiores”. Este já provou ser pior do que todos os gatos de Cleópatra juntos. O “sabes quem eu sou” estatelou-se ontem, quando o subcomissário Waldemar José mencionou os nomes de Frederico Cardoso, até há bem pouco tempo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, e do juiz da Comarca do Namibe Januário Katengo. Estas duas fi guras foram citadas para dar exemplo. Tentaram desrespeitar as regras do estado de emergência nacional e foram apanhadas. O juiz, imaginemos que tenha jugado e condenado neste último mês algum cidadão apanhado nas mesmas circunstâncias… e se nos lembrarmos bem, quem publicou os dois primeiros Decretos Presidenciais sobre o estado de emergência nacional, pelo menos vinha no fi m da nota, foi a Casa Civil do Presidente da República, chefi ada por um ministro de Estado, que tinha nome próprio: Frederico Cardoso. Temos aqui dois exemplos de como a ideia do “sabes quem eu sou” pode rebentar com qualquer Estado, com qualquer lei. Não se pense que citar os seus nomes numa conferência de imprensa como pessoas desrespeitadoras da lei, quando deveriam ser os seus primeiros defensores, tenha alguma coisa de humilhante, nada disso. Humilhante, para todos os angolanos, é quando fi guras com tal relevância se marimbam para o exemplo que religiosamente deveriam dar aos cidadãos. O país não pode continuar a ser “para vivos”. Um juiz apanhado num camião de carga só para furar a lei é algo que não lembra a ninguém. Por um bocadinho, quando falava, Waldemar José acendeu uma tênue luz de esperança de igualdade entre os cidadãos angolanos, o caminho constitucional para a construção de um Estado de Direito e Democrático, defensor das vidas dos seus habitantes. Agora é fazer com que os senhores “sabes quem eu sou” e “ordem superior” fi – quem ainda enterrados