Marginais impõem recolher obrigatório no bairro do golf

Marginais impõem recolher obrigatório no bairro do golf

Moradores das subzonas-6, 7, 8 e 9 do bairro do Golf, município do Kilamba Kiaxi, queixam-se do aumento da criminalidade na circunscrição. Os casos, segundo contam alguns populares, foram aumentando antes mesmo da existência da pandemia do novo Coronavírus que motivou o Decreto de Estado de Emergência, em Março último. “A ponte do Chibai, que liga o Golf-1 ao Golf-2, é o principal centro dos criminosos.

A partir das 19 horas torna-se muito arriscado fazer a travessia”, disse Maura Augusto, moradora da subzona-9, no Golf-1. Segundo ela, “é preciso chegar cedo em casa para não ser assaltada” e ficar sem os pertences, sobretudo o telemóvel. “Nem sempre é possível chegar cedo, pois há momentos em que o trabalho termina tarde, ou o táxi está difícil”, justifica-se. Acrescenta que, os crimes acontecem mesmo de dia.

“Não tem hora”, lamenta, referindo ainda que “eles montaram o posto aqui, pois a passagem por essa ponte é quase que incontornável, para quem sai do Golf-1, em direcção a avenida Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, para apanhar o transporte para o serviço”, referiu. Já do lado do Golf-2, Maria Abel diz que por pouco a sua filha não foi violada, quando regressava à casa, depois de ter participado numa festa no bairro.

“Temos aqui muitos jovens conhecidos que são claramente delinquentes. Até os pais deles sabem, mas todos têm medo de os denunciar”, lamentou. As casas abandonadas no bairro, por infiltração de água salobra, foram transformadas em esconderijos dos meliantes, que, mesmo à luz do dia fazem das suas. “Quando há óbitos, e vêm ao bairro pessoas desconhecidas, essas são transformadas nas principais vítimas dos malfeitore.

É que eles actuam mesmo de dia. E toda a gente sabe e os conhece, mas nada fazem com medo de represálias”, lamenta Manuel Francisco, que por pouco, certa vez, não ficou sem os calçados, o telemóvel, e a camisola, tendo-lhe valido a intervenção dos seus sobrinhos. Apuramos que no mês de Abril um grupo de motoqueiros (Kupapata) do Golf queimou um cidadão, supostamente por tentativa de furto de uma motorizada. “É que temos tido problemas com a Polícia, que chega tarde, ou não chega. Mas também justiça pelas próprias mãos não se justifica”, reconhece Leonardo Simão.

Cantinas, o outro alvo

As cantinas, propriedades de cidadãos oeste-africanos, têm sido outro alvo preferencial dos marginais. Do lado oposto da vala (Golf-2), por exemplo, várias cantinas foram arrombadas e ficaram sem os bens que lá se encontravam. “Os donos das cantinas estão a passar mal. Muitos ponderam encerrá-las, mas não o fazem por acreditarem em dias melhores em termos de segurança”, disse Esperança Luís, moradora do Golf-2.

Acrescenta que efectivos do Serviço de Investigação Criminal já estiveram no terreno, efectuaram algumas detenções, mas lamenta: “o principal suspeito e tido como líder do grupo está solto e passeia pelo bairro”. Proprietário de uma cantina na zona 9, José Mohamed diz ter sido assaltado em várias ocasiões. “Já perdi muito dinheiro. E as pessoas que assaltam são mesmo daqui do bairro. Precisamos de uma esquadra mais próximo, com urgência. A mais próxima fica na Mamã Gorda, na Zona-15, e não dá resposta às solicitações a tempo. E os bandidos sabem disso”, lamenta.

SIC promete apertar o cerco

O Serviço de Investigação Criminal, na voz do seu porta-voz, Fernando Carvalho, informou, ontem, que continuam a realizar trabalhos naquela circunscrição, com vista a combater o crime e devolver o sentimento de segurança à população. “No Bairro dos rasta, por exemplo, a situação já voltou à normalidade, depois do registo de muitos assaltos, violações e furtos a residências. Esperamos que estes meliantes tenham aprendido a lição, pois lugar de gatuno é na cadeia”, disse.

Aquele responsável acrescentou ainda que continuam a realizar um grande trabalho de enfrentamento, em conjunto com a Polícia Nacional, para a reposição de uma vida calma para as populações daquele bairro e outros. “Continuamos a pedir a colaboração da população no geral e, em particular, aos órgãos de comunicação social para a denúncia dos casos”, sublinhou. Importa frisar que nos últimos dias o SIC atingiu mortalmente três cidadãos supostamente meliantes, dois dos quais após um roubo à saída de uma agência bancária.