DIABETES: País tem 11 endocrinologistas para 30 milhões dehabitantes

DIABETES: País tem 11 endocrinologistas para 30 milhões dehabitantes

A mortalidade por Coronavírus em diabéticos é cerca de quatro vezes superior em relação aos não diabéticos, segundo a especialista em medicina interna. A médica explicou que pacientes com diabetes mellitus não controlada têm baixa imunidade e, portanto, resistem menos a infecções no geral.

A imunidade é a primeira linha de defesa no combate contra a Covid-19. Manuela Sande salientou que uma pessoa diabética sem acompanhamento médico tem dez vezes mais probabilidade de ser infectada com Coronavírus do que um indivíduo sem diabetes mellitus. Entretanto, definiu, a diabetes mellitus não apenas como uma doença, mas um conjunto de doenças devidas a diferentes causas e que têm como denominador comum o aumento constante de glicose no sangue (hiperglicemia).

Deste modo, existem vários tipos de diabetes. Por outro lado, disse que o Coronavírus evolui mais rápido em doentes com diabetes do que numa pessoa saudável porque encontra fragilidades no sistema imunológico do diabético, que integra o grupo de “alto risco”. “Indivíduo diabético com diabetes mellitus tem 10 vezes mais probabilidade de adquirir a infecção por Covid-19 do que indivíduo não diabético. Uma vez que tenha adquirido a infecção por Covid-19, a possibilidade de evoluir é maior do que num indivíduo não diabético.

Estão mesmo em grande risco”, disse. Fez saber que o quadro actual da diabetes no país é dramático, baseando-se em realidades de países que têm as mesmas características genéticas e socioeconómicas que as nossas. Para fundamentar, disse que a prevalência em países como o nosso anda à volta de 7 a 10 por cento. “Isso significa que com a população que nós temos, traduzida em números, nós devemos ter pelo menos, no mínimo, dois milhões diabéticos no nosso país. Isso é dramático”, disse.

Esclareceu que as complicações da pessoa diabética tem impacto na economia, uma vez que um individuo nessa situação que não é tratado estará impossibilitado de trabalhar. “Vai ser amputado ou vai ficar cego ou, ainda, vai entrar em hemodiálise, o que é muito mais caro do que tratar convenientemente este paciente a preços compatíveis”, frisou. Manuela Sande realçou que isso é importante, porque o tratamento da diabetes, se não for comparticipado pelo Estado, é impossível de suportar para qualquer pessoa, por ser extremamente caro.

´ Tratamento para diabetes custa 50 mil kwanzas/mês Manuela Sande disse que antigamente havia uma associação no país, a Associação dos Diabéticos Pobres, que ajudava a suprir as dificuldades dos pacientes carentes. Isso, segundo conta, porque se sabia, já naquela altura, que qualquer indivíduo que tivesse diabetes, por mais dinheiro que tivesse, é um indivíduo que seria pobre. “Porque, se fizermos as contas, hoje em dia, o tratamento de diabéticos mais ligeiros não fica a menos de 50 a 60 mil Kwanzas por mês, para começar”, detalhou.

Fez saber que cada médico endocrinologista chega a ver 40 diabéticos por semana, o que é simplesmente impossível, considerando ser uma catástrofe. “É por isso que volto a insistir que é preciso que se encare seriamente a possibilidade de se formarem médicos de outras especialidades para os capacitar a tratar a diabetes”, clamou. Em seu entender, não seriam apenas os endocrinologistas, nem as pessoas que têm uma certa curiosidade, a fazer esse tipo de consultas. Tem de se formar mais médicos para atenderem os diabéticos.

País com apenas 11 endocrinologistas

Questionada sobre o número de endocrinologistas existentes no país, a médica disse que a última informação que teve é de são apenas 11. “Agora imaginam esse número para 30 milhões de habitantes, três milhões dos quais podem ser diabéticos. É impossível”, frisou. Um outro problema grave que a especialista considera que deve ser tido em conta é que 99,9 por cento desses endocrinologistas estão em clínicas privadas, quando existem hospitais públicos.

De acordo com a especialista, as reais causas de ter um número elevado de diabéticos no país têm a ver com a migração das pessoas do campo para a cidade, o que levou a uma mudança dos hábitos alimentares e do estilo de vida. As pessoas deixaram de ter alimentação saudável do campo e todo o exercício que tinham de fazer para o dia a dia. “Isso levou um disparar da obesidade nas cidades.

A obesidade é um dos maiores factores de risco para desenvolvimento de diabetes”, frisou. A médica proveitou a ocasião em que falava, num encontro com jornalistas promovido pelo Centro de Imprensa Anibal de Melo, para apelar aos doentes diabéticos a ficarem em casa, a fazerem o tratamento correcto prescrito pelo médico e a seguir todas as medidas de prevenção estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19.