VII Edição do Angola Music Awards já não acontece em Portugal

VII Edição do Angola Music Awards já não acontece em Portugal

O mentor e organizador do Angola Music Awards (AMA), Daniel Mendes, revelou em exclusivo a O PAÍS que a gala de premiação deste concurso que vai na VII edição já não decorrerá em Portugal (Casino Estoril) por conta da pandemia da Covid-19. Além do espaço, o coronavírus também alterou o tempo.

O evento estava previsto para o verão, em Julho, por ser uma época em que a maior parte dos músicos angolanos se encontra em terras de “Camões” a curtir o verão e a acompanhar os inúmeros festivais. “Todas as coisas estavam a correr bem, mas, infelizmente, tivemos de cancelar, por causa da Covid-19. Até Julho, a casa não estará preparada para receber o público e também os músicos angolanos não estarão em Portugal. Por isso, houve alteração”, lamentou o promotor de eventos.

Como alternativa, “o plano B” é realizar-se o AMA em Luanda, no mês de Novembro, para culminar com os 45 anos da Dipanda (Independência), além de ser uma altura em que os músicos se encontram em Angola. Acredita-se que até Novembro as coisas venham a estar melhor, no que tange à situação pandêmica. Mas, ainda assim, a organização do AMA, conforme garantiu Daniel Mendes, vai recorrer a todos os mecanismos possíveis para que tudo se faça da melhor maneira.

Orçamento do AMA ronda os 50 e 100 milhões de Kwanzas

O AMA gasta de 50 a 100 milhões de Kzs, dependendo de situações circunstanciais, bem como dos convidados que chegam de outras regiões quer do país quer do estrangeiro, segundo Daniel Mendes. “O Angola Music Awards emprega muitas pessoas. Ajuda no combate ao desemprego. Também damos formação, lançamos novos valores, tanto ao nível de produção quanto ao nível dos próprios artistas em si. Criamos mais parcerias nacionais e internacionais para que os artistas tenham mais visibilidade. A isso eu chamo de lucro, porque o Angola Music Awards não é um evento feito para ganhar dinheiro, é para valorizar os artistas”, disse. O responsável fez menção que noutros países, o Music Awards é feito com 100 por cento de apoio do Estado ou das fundações, que apostam seriamente na promoção da Cultura, mas em Angola não se tem tido esse tipo de apoio.

Inovação

Quanto às novidades desta edição, sem ser detalhista, Daniel Mendes avançou que as categorias sofrerão alterações. Igualmente, a realização do AMA está a estabelecer uma parceria com outra marca para produzir o evento. “Está-se a negociar para ter outra televisão, além da TPA e da RTPA”. “Vamos ter os artistas e as músicas que se destacaram em 2019. As inscrições tinham começado em Janeiro e já tínhamos fechado. Mas com essa alteração por causa da Covid-19, reabrimo-la. Os artistas que ainda não a tinham feito, porque estavam distraídos, podem inscrever-se no site do Angola Music Award [www. angolaama.com], até 31 de Maio, que é a data limite”, informou.

AMA promove cantores

“O AMA é um evento muito importante que muito tem feito pela música angolana. Temos parceria com vários países, inclusive com os Estados Unidos, para onde muitos músicos têm ido como nomeados. Esta é a vantagem. Quando, por exemplo, um artista pede-nos ajuda para entrar para o mercado internacional como Portugal ou onde quer que seja, nós temos essa porta aberta, nós conseguimos que o artista tenha vantagens lá fora quando vai em nome do AMA”, frisou. A título de exemplo citou o cantor Kyaku Kyadaff que “em 2014 não era notório, mas quando foi vencedor no AMA a seguir apareceu um patrocinador para gravar o seu disco e, posteriormente, começou a aparecer com maior notoriedade na media. Para Daniel Mendes, caso todos olhassem e vissem o AMA como um evento que dignifica a cultura angolana, ser-lhe-á dada a devida importância. “Se fora as pessoas dão importância ao AMA, em Angola é também importante que as pessoas a dêem”, apontou.

Retrospectiva
O Angola Music Awards é um evento que se realiza desde 2013. Daniel Mendes conta que, até ao momento, cada edição tem a sua história. “Nós começamos em 2013, no CCB. Muitos não sabiam, muitos não acreditavam, mas conseguimos ter uma gala que correu bem. Em 2014, acabamos por fazer uma parceria com o Ministério da Cultura e o AMA foi um dos eventos enquadrados no Festival Nacional de Cultura e Artes (Fenacult), e realizamo-lo na tenda do HCtA”, disse. “Em 2015, o governo da lundaSul, na pessoa da então governadora Cândida Narciso, que vestiu a camisola do AMA, fez todos os possíveis para conseguirmos realizar um evento com sucesso naquela província. Não é fácil levarmos um evento desta magnitude a uma província como a lunda-Sul, em que tudo teve de sair de luanda.

Foi uma coisa bonita, juntamos os governadores de Malanje, da lunda-Norte, do Moxico. levamos a festa ao leste”, disse. Em 2016, conta, as salas tornaram-se pequenas para acolher tanta gente, então a organização decidiu realizar o evento no pavilhão multiusos do Kilamba, onde estabeleceu-se uma parceria com a Zap. Esta edição contou com mais de 6 mil espectadores, o que, do ponto de vista de Daniel, foi um sucesso.

Em 2017, o cenário foi quase o mesmo. Só que, desta vez, o evento albergou mais de 8 mil pessoas. Em 2018, o AMA tornouse no evento que todo o mundo queria ver, segundo o promotor. Já em 2019, explica, “demos uma pausa. Foi uma altura em que eu tinha um cargo de director de Marketing e Comunicação na Federação Angolana de Futebol (FAF). Era o ano em que a nossa selecção estava a lutar para o apuramento.

É necessário poder dedicar-se para que as coisas no AMA funcionem bem. Então demos uma pausa por que eu estava dedicado ao futebol”, revelou. Por seu turno, quanto às perspectivas, afirmou que o objectivo é continuar sempre a trabalhar, dinamizar, criar ideias e parcerias. “Em 2021, talvez as coisas corram bem. Pensamos em realizar em Portugal o AMA, tal como estava previsto para esse ano”, aditou.