CASA -CE defende reforço do sector privado para mitigação das dificuldades impostas pela Covid-19

O deputado do Grupo Parlamentar da coligação de partidos CASA-CE, Manuel Fernandes, defende o investimento sério e o reforço financeiro do Executivo no sector privado, de forma a mitigar as dificuldades sociais causadas pela Covid-19.

Segundo o parlamentar, que falava em recente entrevista ao OPAÍS, no actual contexto de dificuldades económicas, muitas empresas, sobretudo as micro e médias, estão à beira da falência, por verem as suas actividades limitadas e restritas em consequência das medidas impostas pela Covid-19. Face ao cenário caótico, o deputado apela para a necessidade de o Executivo prestar o devido apoio, para evitar a subida da taxa de desemprego.

Porém, com a situação de insustentabilidade que estão a enfrentar, estas organizações estão a ser obrigadas a fechar as portas, cujas consequência directa será a subida da alta taxa de desemprego e aumento das dificuldades sociais das famílias que dependem dos rendimentos gerados por essas empresas.

Porém, para evitar a degradação do quadro e o aumento da taxa de desemprego, Manuel Fernandes defende uma atenção especial do Executivo sobre as empresas, mediante um plano sério de apoio financeiro.

Tal apoio, frisou, deve ser prestado aos que trabalham e geram empregos e não por conveniência política ou cor partidária, como tem sido prática.

“É preciso olhar para quem Trabalha de facto, independentemente da cor partidária. O país está a enfrentar sérias dificuldades devido às medidas impostas pela Covid- 19. Para sair disso, precisamos de um sector privado sério e robusto e não de compadrios e passes políticos”, defendeu.

Atenção aos mais vulneráveis

Por outro lado, Manuel Fernandes deplorou a situação de miséria que muitas famílias vulneráveis estão a viver no actual contexto social e político. Conforme explicou, a Covid-19 veio destapar uma série de dificuldades sociais que há anos vinham sendo denunciadas pela sua organização política.

Segundo disse, desde a entrada em cena da Covid-19, muitas famílias, sobretudo as que dependiam da informalidade, perderam a capacidade de prover alimentos, por terem visto a desaparecer as pequenas actividades que desempenhavam, como resultado das medidas de prevenção e combate à Covid-19.

Essas famílias, explicou, agora estão a passar por situação de fome e miséria sem o apoio do Estado. As prometidas ajudas do Executivo, frisou, infelizmente, como sempre, não passam de meras propagandas e que no final do dia não saem do papel. E quando são executadas tendem a beneficiar as mesmas pessoas, mediante a opção e selectividade da cor partidária.

“É um momento crítico e que precisamos olhar com olhos de ver e com sentido de responsabilidade. Independentemente da cor partidária, trata se de angolanos que merecem ter o mesmo tratamento e respeito no âmbito da defesa e apoio do Estado”, notou.

Ainda para este segmento da população, o deputado defende a adopção de medidas de apoio e protecção social urgentes que possam substituir as fontes de rendimento que perderam por causa da Covid-19.

“As restrições impostas actualmente acabaram por fazer com que muitos perdessem as suas fontes de rendimento. É preciso haver uma base de apoio para permitir que essas mesmas famílias continuem a sobreviver neste cenário de crise”, apontou.

Covid-19 é um convite compulsivo para a diversificação da economia

Por outro lado, Manuel Fernandes disse que, para além das implicações e dificuldades sociais que vêm sendo causadas, a Covid-19 é um convite compulsivo para a tão propalada diversificação da economia.

No seu entender, com o mundo todo sob forte ameaça, os países precisam de mostrar a sua capacidade de auto-sustento. E, neste caso, esclareceu, os países como Angola, que não diversificaram as suas fontes de rendimento vão enfrentar dias difíceis.

O petróleo, apontou, que é a base de tudo, actualmente encontra-se a ser comercializado a um preço bastante reduzido, pelo que não vai poder suportar as despesas e as contas.

Porém, apesar das dificuldades, Manuel Fernandes defendeu que este é o momento de o Executivo pôr em prática o processo de diversificação da economia com uma aposta forte ao sector agrícola, que sempre demonstrou ser o principal factor de sustentabilidade de qualquer Estado.

Para Manuel Fernandes, é preciso apoiar as pequenas cooperativas agrícolas e acções de agricultura familiar para potencializar as comunidades e criar sustentabilidade ao país.

“Temos uma terra fértil e um povo com uma base agrícola muito forte. Só falta, efectivamente, vontade política para que, realmente, possamos a avançar com a tão propalada diversificação das fontes de rendimento”, concluiu.