Não é o decreto, é a conduta

Não é o decreto, é a conduta

Há pessoas mesmo complicadas. Agora que se começou a falar de se passar as medidas de contenção da Covid-19 para um formato mais leve, o de estado de calamidade, há muita gente mostrando-se apreensiva nas redes sociais a apelar para que se mantenha o estado de emergência, o mesmo mecanismo que ainda hoje é desrespeitado de forma absolutamente irresponsável. Eu cá desconfio que muitos que simplesmente não querem voltar ao trabalho, se bem que alguns não fazem qualquer tipo de falta às suas empresas. Estando lá ou não, dá igual ao litro. Querem o estado de emergência mas são os fazem de tudo para passar o dia na rua.

Entretanto, há empresas a morrer, impedidas de trabalhar, como as dos sectores hoteleiro e da restauração. Aí tem de se servir para entrar dinheiro. Eu sou mais a favor das medidas do estado de emergência nesta fase, mas sei também que elas, ou as do estado de calamidade, apenas têm efeito se as pessoas as respeitarem. O grande problema é que, e há que admitir, em certos aspectos, o comportamento da nossa sociedade é por si só uma calamidade há dezenas de anos. E não me refiro apenas à pândega, olho também para a gestão, até política, de alguns aspectos da vida.

Com estado de calamidade ou estado de emergência decretado, a verdade é que os números de infectados vão continuar a subir ainda este mês e no que vem. As pessoas simplesmente não parecem ter noção do perigo que sobre elas paira. E não falo dos mais pobres, que não são estes que criam engarrafamentos nas ruas da cidade com carros de alta cilindrada, nem são estes que fazem consta dos milhões que irão parar às suas contas bancárias em resultado de negociatas em torno da pandemia. O perigo maior está na nossa gente “emergente e calamitosa”.