Angola chega aos 70 casos positivos de Covid-19

Angola chega aos 70 casos positivos de Covid-19

Sílvia Lutukuta esclareceu, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, que um menor testou positivo de SARS-CoV-2, elevando para 42 o número de registos de transmissão local.

A ministra da Saúde, que falava na habitual actualização dos dados sobre a situação pandémica epidemiológica no país, disse que o menor é assintomático e pertence à cerca sanitária do bairro do Futungo, em Luanda.

“Fazendo um balanço da situação epidemiológica nas últimas 24 horas, nós temos um total de 70 casos positivos, dos quais quatro óbitos, 18 recuperados e 48 casos activos”, detalhou.

Fez saber que do ponto de vista laboratorial e de vigilância epidemiológica continuam as medidas de saúde pública e por esta altura a testagem continua a ser feita no Hospital Militar, no Instituto de Investigação em Ciências da Saúde, no Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA e no Hospital Esperança.

Disse ainda que 1.059 viajantes se encontram em quarentena institucional em todo o país, enquanto a cifra dos contactos sob vigilância e acompanhamento por terem mantido contactos com portadores do vírus detectados está fixada em 1.198 pessoas e 453 são casos suspeitos em investigação.

“Continuamos a receber meios de biossegurança e equipamentos provenientes da China, transportados pela nossa companhia de bandeira, TAAG, e, por esta altura, já temos cerca de 190 toneladas de materiais diversos para reforçarem a nossa actuação a nível nacional no combate à Covid- 19”, garantiu.

Distanciamento e o uso da máscara devem continuar

Para prevenção, Sílvia Lutukuta apelou ao cumprimento das medidas de protecção individual e colectiva, entre elas a continuação da lavagem das mãos com água e sabão, o uso de máscara facial quando se estiver nos mercados, locais fechados, bancos e lojas, bem como em locais de trabalho e aglomerados em via pública.

“É preciso continuar o distanciamento entre as pessoas e evitar estar na rua se não tiver necessidade. Fique em casa. Nós continuamos a lutar contra um inimigo invisível e mortal, que nos está a ensinar a dar uma lição de humildade, mas temos que fazer por isso, para não entrarmos numa situação mais complexa”, apelou.

O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) registou, nas últimas 24 horas, 56 chamadas, das quais três denúncias de casos suspeitos de Covid-19 e 53 pedidos de informação relacionados com o vírus.

Médicos cubanos custam cinco mil dólares

Questionada sobre os custos dos médicos cubanos que chegaram ao país para o plano de contingência de resposta a Covid- 19, a ministra da Saúde revelou que esses profissionais cubanos vieram ao país com dupla função.

“Primeiro, dar formação aos quadros angolanos e prestar assistência. Há um acordo que tem custos e não temos nenhum receio de dizer que em média custam cinco mil dólares”, revelou a titular da pasta da Saúde.

Por outro lado, salientou que o país precisa de formar quadros angolanos, uma vez que se esta numa dependência total de quadros especializados, que são muito poucos a nível nacional. E aconselhou a não se pensar que se vai conseguir fazer a diferença em medicina, prestar bons serviços, com médicos acabados de sair da faculdade.

“Nós temos que valorizar o nosso capital humano angolano e para valorizar esse capital nós temos que investir na sua formação. É o que o Executivo tem de fazer e que está a fazer. Estes profissionais foram colocados a nível nacional. Nós também queremos dar uma oportunidade aos nossos profissionais de evoluírem na carreira”, disse.

A governante contou que o país tem muitos profissionais formados há 20 anos que nunca fizeram nenhuma formação especializada, nunca foram valorizados. “E nós temos valorizá-los nos termos de diferenciação profissional”, contou.

No dia 10 de Abril chegaram ao país 264 médicos cubanos de diversas áreas de Saúde Pública para reforçar o combate à pandemia da Covid-19 em Angola.

Angola em estado de calamidade pública

O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Adão de Almeida, explicou, ontem, em Luanda, o estado de calamidade pública que o país passa a observar desde hoje Terça-feira (26), às 00 horas.

“Feita a avaliação dos 60 dias de estado de emergência, considerando todo o percurso feito e ponderadas as várias anuências desse processo, sua Excelência Presidente da República decidiu, hoje (ontem) não prorrogar o estado de emergência e declarar situação de calamidade pública”, disse.

Fez saber que várias são as razões que sustentam essa opção e que ela é sempre norteada por três princípios fundamentais, sendo o primeiro a prudência na análise e na decisão perante a existência do fenómeno, não negligenciando o risco que ainda existe de propagação.

A segunda é a responsabilidade. “É uma decisão tomada no âmbito de um grande espírito de responsabilidade, assumindo que estamos sempre ainda perante uma situação complexa e que precisamos de continuar de mangas arregaçadas a trabalhar para evitar o máximo de contágio e propagação possível do vírus no nosso país”, elucidou.

O chefe da Casa Civil disse que a terceira tem a ver com a necessidade se fazer a adaptação permanente no percurso, porque novos casos podem levar à alteração da abordagem estratégica perante o fenómeno.

“Portanto, estamos aqui não perante um relaxamento em relação às medidas tomadas, mas apenas perante uma abordagem diferente do fenómeno. Aliás, uma das palavras-chaves desse novo Decreto Presidencial e das medidas que nele estão contidas, se quisermos, é continuação. Vamos continuar a trabalhar para a prevenção, vamos continuar a nos prevenirmos para que no nosso país não existam situações de contágio massivo da população”, disse.

Adão de Almeida disse ainda que sobre a aplicação das medidas, o artigo quatro define que a modificação das medidas é sempre possível, em função da avaliação da situação epidemiológica.

O que quer dizer sempre que há aqui uma nota de responsabilidade em relação ao início do funcionamento com a abertura de um certo serviço e também aqui uma dinâmica de avaliação permanente da situação epidemiológica. Portanto, se uma medida estiver apontada para um certo sítio e para um certo momento e a situação epidemiológica não recomendar a sua aplicação, o Decreto Presidencial define que estas medidas estão sujeitas a alteração ou a modificação.

Por outro lado, frisou que o uso da máscara facial em locais abertos e sempre que não for possível manter o distanciamento recomendado é obrigatório.

Recordou que Angola viveu os últimos 60 dias um estado de emergência. Durante esse período para se conseguir diminuir o potencial de propagação do vírus Covid-19, no país foram adoptadas várias medidas, incluindo a suspensão de direitos fundamentais.

O governante disse ainda a retoma da vida social e económica do país será gradual e não imediata, apesar da entrada em vigor do novo Decreto Presidencial já hoje, dia 26.