Perguntar é grátis

Perguntar é grátis

Se não sabes, pergunta. Se sabes e tens de decidir, ainda assim pergunta. Se julgas que sabes e alguém te diz estares errado, então pede que te explique e decide depois. Aprende. Humildade e sabedoria encerram aquilo que os mais velhos nos tentaram ensinar. Quem guardou estas lições, além de errar menos, faz menos vezes o ridículo. E nunca precisará de usar a arrogância. Muito menos precisará alguma vez de evocar a sua posição hierárquica para se impor ou liderar, as coisas acontecem com naturalidade e o caminho se faz com mais harmonia, com mais paz, ainda que cheio de escolhos.

Saber perguntar aos outros, contar com a sua opinião e saber acolhê-la signifi ca também maturidade. Quem faz o contrário, inevitavelmente fracassa, ainda que depois culpe este mundo e todos os outros.

Chegar a qualquer lugar de destaque, empresarial, social ou governativo sem mérito e ter sobre si os holofotes não signifi ca que se vai de lá sair com os holofotes e aplausos também. É que quem faz caminhadas de boleia e sem valimento normalmente se convence (precisa de se convencer) de que é mesmo uma grande inteligência, ainda que usando “roupas” emprestadas, inteligência alheia e assinando por baixo.

Em Angola, cada vez mais se pergunta menos, há cada vez mais gente que se julga autossuficiente, que lhe bastam alguns expedientes para continuar a mandar. O importante é mesmo mandar, ou parecer que se manda. O importante é o boneco que se faz num posto qualquer, ao preço do que for. Humildade e sabedoria são cargas demasiado pesadas para carregar. Perguntar é humilhar-se. Não se sabe que a pergunta, o porquê, é a energia vital de activação que faz o mundo avançar. Por alguma razão as crianças descobrem o mundo ao ritmo do porquê. E o resultado é, infelizmente, o que temos. O país que temos, as empresas que temos, a sociedade que temos. A humildade e a sabedoria foram substituídas pela mais fria insensibilidade e pelos golpes baixos. Tudo isto é já cultura, uma forma de estar, alegremente, num ambiente que só se degrada. O atraso de um a empresa ou de um país começa no atraso das pessoas.