Condições sanitárias para evitar foco de contágio nas escolas

Condições sanitárias para evitar foco de contágio nas escolas

João Baptista Tchivangulula, professor de uma escola na Gabela, município do Amboim, província do Cuanza-Sul, a quem até a falta de água nos recintos escolares já passou a ser encarada como normal, por tardarem as soluções, começou por dizer que os alunos devem ter água com regularidade para manterem a garganta sempre húmida.

“E as escolas não têm canalização do líquido vital. Será que os estudantes vão passar a levar de casa, todos os dias?” questionou o educador, tendo realçado que das poucas vezes que viu os meninos beneficiarem desse direito a água foi colocada em baldes para daí beberem.

Relativamente ao distanciamento, questionou igualmente onde estariam outras salas de aulas e outros professores para ficarem com as turmas restantes do processo de diminuição das salas já constituídas.

João Tchivangulula mostrou-se bastante céptico sobre a promessa da criação de condições sanitárias, a julgar pelo tempo anunciado, porque, segundo ele, há mesmo escolas que para terem quartos de banho há que se destruir e construir parte das mesmas instalações. “Isso para não falar de escolas que não possuem WC e outras que os têm, mas não funcionam.

O entrevistado espera que o Governo não esteja a ser pressionado por estar a pagar os salários aos professores, que estão teoricamente em casa, pois, cogita que a pressa está a fazer valer mais a pressão dos interesses dos proprietários de escolas do ensino privado.

Quem alinha do mesmo diapasão é o professor Tolistoy Makongo, que garantiu mesmo ter feito um estudo à distância e, sempre que pôde, em presença, com os encarregados, dos quais ouviu dizerem que não mandariam seus filhos de volta à escola se não constatassem condições favoráveis.

Ele alega que a maior parte das escolas da sua província não estão apetrechadas para lidarem com uma doença do fórum respiratório, porquanto não possuem ventilação, nem mesmo espaço requerido para passagem adequada do ar.

“Isso para não falar do excesso de alunos nas salas de aulas, que dificulta o posicionamento de um a outro aluno na turma. E é só ver que nós ainda usamos carteiras para dois ou três alunos sentarem juntos”, detalhou o docente, tendo revelado que na escola onde trabalha as turmas têm mais de 100 estudantes, uma realidade que, para si, se agrava à medida que se saí da capital da Lunda-Sul.

À semelhança do professor da Gabela, Tolistoy Makongo aconselha o Governo a não se sentir pressionado por estar a pagar salários aos professores, porque, de acordo com o próprio, é a garantia de um direito a funcionários que, em várias situações, já trabalharam sem remuneração adequada.

Finalmente, instigou o Ministério da Educação e o Governo a aproveitarem a prova a que a Copvid- 19 submeteu o nosso sistema de ensino e as infra-estruturas escolares para mudarem o quadro das condições exíguas que proporcionam ao sector.

“Relação escola-encarregados- comunidade vai ter de funcionar”

O professor Abias Tchombossi, que também é supervisor pedagógico no Lubango, província da Huíla, disse que a estrutura do processo de ensino e aprendizagem que envolve a escola, os encarregados e a comunidade onde estes dois elementos estão inseridos, vai ter de funcionar em pleno e agora.

Esta sua tese encontra razão na proposta de um estudo pessoal em que Abias Chombosi acha a necessidade de se incentivarem os encarregados a higienizarem as crianças à saída e no regresso à casa.

Criação das condições do género nas escolas, bem como a aquisição de viseiras, luvas descartáveis ou recicláveis, por parte das instituições escolares, que, além de cumprir o distanciamento na posição dos alunos na sala, deve evitar as paradas e controlar a convivência no intervalo constam nos objectivos seleccionados por si no plano de acção proposto.

Decisão difícil do Governo Ernesto

Segunda Sahuli é técnico da educação pelo ciclo provincial do Moxico. Ele garante que entende que o Estado teve muito trabalho para tomar uma decisão num estado de calamidade.

Por isso apela aos cidadãos para reforçarem o cumprimento das medidas de segurança pessoal e coletiva, e encoraja o Governo a criar condições precisas e, quando se der o regresso às aulas, ir avaliando se a situação favorecerá, ou não, a sua continuidade.

Sahuli acredita ainda que os menos de 45 dia que conduzem para a data anunciada serão determinantes para a reafirmação ou recuo na decisão.

Finalmente, apela aos seus colegas do sector de ensino para redobrarem a sua preparação psico- pedagógica e científica, de forma constante, porque os desafios da formação actuais já não se resumem em sala de aulas, quadro e giz.