UNITA apela ao Governo a valorizar mais os médicos angolanos

UNITA apela ao Governo a valorizar mais os médicos angolanos

O apelo foi lançado, ontem, em conferência de imprensa, em Luanda, pela segunda vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Navita Ngolo Felisberto, quando fazia o balanço dos 60 dias de estado de emergência. A responsável fazia alusão à reclamação da classe médica angolana que reivindica salários compatíveis ou iguais aos que estão a auferir os mais de 200 cubanos contratados pelo Governo para ajudar a combater a Covid-19.

Disse que, apesar de a UNITA reconhecer a experiência e cooperação dos médicos cubanos, recomenda que haja uma política de valorização e integração dos profissionais angolanos para se eliminar as desigualdades salariais.

O objectivo, segundo a deputada, é evitar que fique em perigo o bom desempenho dos quadros angolanos, tendo apelado ao Governo a fortalecer o sistema de saúde com recursos financeiros, humanos e materiais para enfrentar não só a emergência sanitária da Covid-19, mas também para atender doenças como malária, doenças respiratórias, cardiovasculares, diarreicas, diabetes, VIH-SIDA, tuberculose e outras.

Segundo ainda Navita Ngolo Felisberto, a UNITA continua acreditar que a testagem em massa para o controlo da propagação e combate à Covid-19 é ainda a “via mais segura a ser seguida pelo executivo angolano”, para além das medidas de protecção de bio-segurança.

Defendeu, ainda, que, enquanto as acções sanitárias estão viradas para o combate ao novo Coronavírus, e se observa uma situação de calamidade pública, torna-se necessário encetar uma forte campanha de sensibilização das comunidades sobre os cuidados a observar para se evitar o contágio.

“Muitas delas estão a interpretar este momento como sendo de liberdade para voltar aos velhos hábitos (alguns já deitaram as máscaras)”, alertou.

Ainda à volta das medidas sanitárias a ter em consideração, a UNITA, na voz de Navita Ngolo, apelou ao melhoramento do acesso aos serviços sociais básicos como água potável, energia e saneamento básico.

Esses serviços devem ser canalisados sobretudo nas zonas suburbanas, para mitigar os riscos de propagação da pandemia e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, reforçou.

Além destes serviços, a UNITA sugere a criação de uma cadeia de abastecimento de alimentos incentivando a agricultura familiar e facilitar os empresários no acesso às divisas para importação de produtos diversos para assegurar o equilíbrio e disponibilidades de alimentos, com realce para produtos da cesta básica.

Ainda na senda do abastecimento de assistência às famílias, a UNITA defendeu que uma atenção especial deve ser dada as camadas mais vulneráveis, designadamente khoisans, deslocados e refugiados internos, os albinos e outros portadores de deficiências.

“É importante e urgente que o Executivo responda às necessidades das pessoas afectadas pela fome e que a distribuição das cestas básicas não seja usada para fins eleitoralistas, uma vez que a fome não tem cor partidária”.

Reinício de aulas em Setembro

Tendo em conta o risco de contágio da pandemia, devido aos números positivos que crescem quase diariamente, a UNITA entende que as aulas devem ser adiadas para Setembro do ano em curso.

“A decisão do reinício das aulas para o ensino superior e médio seja repensada, tendo em conta a capacidade dos serviços de saúde de fazerem face a testagem em massa”, argumentou.

Contra uso excessivo de força

Para se evitar mais excessos na sua actuação, esta segunda força política do país sugeriu que as restrições que ainda vigoram em estado de calamidade actual não continuassem a dar azo para que o uso de força pelas forças de defesa e segurança provoque mais vítimas do que a Covid-19.

Fomento da produção

No encontro com os jornalistas, a UNITA, atendo-se às declarações de Navita Ngolo Felisberto, instou o Governo a tomar medidas de políticas públicas para o fomento da produção interna e transformação económica no sentido de promover um crescimento económico e social que permita resistir aos choques externos como a COVID-19.

Para se alcançar este propósito, disse ser necessário estimular o sector empresarial angolano a enfrentar os mercados regionais mais próximos no sentido de promover as exportações, a começar pelos produtos manufacturados e outros.