Editorial: Saber ouvir para agir

Editorial: Saber ouvir para agir

João Lourenço conversou, ontem, com a sociedade civil, falou com povo e para o encontro convidou também jornalistas, uma classe que esteve bem representada. E fez bem, sem jornalismo responsável e independente não há governação, não há democracia e, em última análise, não há Lourenço Presidente.

Os desafios que a classe enfrenta devem ser vistos como desafios da democracia, do Estado democrático e de direito. Muito da acção de qualquer Presidente democrata é ditado pelo que sente por via dos olhos dos jornalistas. Fazem críticas, sim, não poderia ser de outra maneira. Ajudam a melhorar a governação? Em absoluto.

Os jornalistas em si não devem ser privilegiados, mas o seu trabalho deve merecer uma atenção especial, o seu crescimento deve ser prioridade do Estado. A boa saúde de um bom jornalismo, plural e equidistante, é uma das molas do desenvolvimento das sociedades democráticas, que se moldam ao ritmo e nos contornos do jornalismo responsável, sem amarras e de alta qualidade. Um bom jornalismo dita também uma boa governação, se quem governa sabe ouvir e interpretar.

Todas as classes reunidas ontem pelo Presidente são vitais para o país, todas elas precisam de comunicar, todas elas interagem, todas elas dependem de mediadores. O Presidente entende o papel dos media.

Mas vivemos um momento em que estes media estão em perigo, como nunca antes na nossa sociedade, as luzes se estão a apagar, o Estado deve optar, deve decidir se quer caminhar às escuras. Não se trata apenas dos interesses dos profissionais, trata-se do futuro, e também do presente. A meio do mandato que o povo lhe conferiu, o Presidente certamente que sabe da contribuição do bom jornalismo para a estabilidade do país num momento em que lida com uma pandemia e com uma crise económica de que o país não tem memória.

O que conta agora, mais do que a política, é o país, o caminhar em conjunto, é partilhar informações, é comunicar, de forma livre e independente. Não há outro caminho.