“Nós gostamos dos nossos filhos”

“Nós gostamos dos nossos filhos”

Estava anunciada a discussão. E não vai faltar, tal como não tem faltado noutras partes do mundo. Reabrir as aulas em Angola só mesmo impondo, ao até, se calhar, recorrendo a algum tipo de coacção moral, como certos colégios, dos que seguem os sistemas estrangeiros de ensino, que obrigaram os pais a pagar os cem por cento da propina.

Quem não o faça tem a sua criança fora da aula pela plataforma da Internet. Até porque este país é uma maravilha, o Estado estipula montes de coisas, mas os colégios ditos internacionais, onde os governantes põem os seus filhos, assobiam para o lado fazem o que querem evocando que se regem pelas leis dos países a que dizem estar associados.

Só quero ver se vão chamar os bombeiros europeus se houver uma emergência nos seus recintos. Sei que pais se queixaram às autoridades, ao Ministério da Educação inclusive, mas… há angolanos que nunca mais aprendem que não mandam nada nesta terra.

Falemos dos pobres, estes também amam os seus filhos, que ficaram já meses sem aulas porque as escolas foram fechadas e não têm nem electricidade, nem Internet e nem computadores para continuarem as aulas regularmente pela telinha.

A estes resta o amor pelos filhos e o medo de os perder, porque sabem que se os filhos adoecerem, bem, é como nos colégios, também aqui há clínicas para gente privilegiada, os pobres nem médico e hospital têm no tempo “normal”, imagine-se agora. Mas sabem que França e Coreia do Sul tiveram de fazer algum recuo no reinício das aulas.

O que estão a dizer as pessoas que contestam a reabertura da escola é isso mesmo: “somos pobres, não temos como os alimentar em casa e nem como os manter confortáveis num sofá a ver televisão ou a jogar com brinquedos nos quartos, mas são nossos filhos e os amamos”. Então, o Governo vai ter de encontrar a melhor forma de conversar e convencer as pessoas de que vai tudo correr bem, mostrar acção nas escolas já seria um bom começo.