Com Jocelyne Béroard

Com Jocelyne Béroard

Ontem, Domingo, caí numa agradável armadilha. O meu percurso da Rádio Mais ao jornal OPAÍS, que deveria ser feito em dez minutos, mas acabei por fazer nele quase duas horas, por culpa do Luís Paulo, o mentor do programa Zouk Non Stop.

Não sei o que foi que lhes deu, ao Luís Paulo e ao Erik Gonçalves, e resolveram preencher o programa com a senhora Jocelyne Béroard, uma maldade daquelas. Percebi que a audiência do programa se estende para bem longe. Participaram ouvintes de Luanda, de Angola e do mundo. Deixei-me levar, andando por aí.

Há alguns anos comprei o disco triplo dos Kassav, aquela máquina de fazer música que parece tocada por uma força divina qualquer. A minha música de eleição é Vini Séré. Quem faz aquilo merece o Olimpo. E, no carro, senti-me no Stade de France. Onde o grupo tocou para assinalar os seus trinta anos de carreira. A voz de jouceline é como alguma coisa vinda do céu. Sim, gosto dela. Ontem senti-me com ela no carro.

O Zouk é um estilo de música que me sabe melhor no feminino. Jocelyne é o tal feminino…

Como é que um grupo consegue quarenta anos de carreira e todas as suas músicas são sucesso e sempre actuais? É uma experiência extraordinária.

Compreendo que não haja festa em Angola em que não se toque Kassav. São eternos. Jocelyne é eterna.

Luís Paulo passou músicas dos anos oitenta e noventa. Pareciam acabadas de lançar. Imaginei gente a dançar.

Jocelyne é qualquer coisa feita também para este período de quarentena. Dá para passar o dia com ela. Quem puder, por favor experiente. Kolé Séré é um remédio para estes dias.

Não vou comparar com outros músicos, nem naquele momento me passou outro nome, outra música pela mente, apenas aquela diva. Senti o prazer com que ela canta.

Tenho um outro disco triplo de música francesa em que os Kassav estão incluídos, e de quem é a voz? Da professora Jocelyne, claro. Então deixei-me entregue àquela magia. Percebi o que sentem os que dançam Zouk. Percebi o que leva pessoas de várias partes do mundo a ouvir o programa.

A rainha cantou. Um repertório excelente, que não deixa ninguém indiferente.

Foi assim este momento com Jocelyne, no carro, num fim de tarde, à deriva e em todo o lado, porque a música tem este dom. Não conhece fronteiras.

Nos anos noventa conheci timorenses e indonésios que me disseram que conheciam música angolana. Falaram de vários nomes e entre eles Jocelyne. Pois é, ela é nossa também. Eu estive quase duas horas com ela ontem, no carro, trazida por Luís Paulo, em modo non stop.