Sindicalista morto à porta de casa terá defesa de oito advogados

Sindicalista morto à porta de casa terá defesa de oito advogados

Dos oito advogados sensibilizados com a causa de Lazarino dos Santos, quatro são ex-seminaristas e antigos colegas de Lazarino dos Santos e os demais, liderados por Zacarias Jeremias, são afectos ao SINPTENU. 

OPAÍS sabe que o processo com o número 4994/020 de Lazarino dos Santos e Álvaro Esteves, mortos à tiro no dia 25 de Maio do corrente ano, no bairro Dangereaux, supostamente por agentes da Polícia Nacional, já foi transferido do Comando Municipal do Talatona para o Serviço de Investigação Criminal (SIC/Luanda). 

O advogado Zacarias Jeremias disse a este jornal que o desejo do grupo de advogados e das duas famílias, de quem receberam a solicitação para acompanharem o caso, é o de verem a morte dos jovens esclarecida e os culpados julgados e condenados. 

Jeremias disse que da parte dos advogados e das famílias não restam dúvidas de que os dois tiros mortais que atingiram o secretário-geral do SINPTENU e o seu vizinho, Álvaro Esteves, foram feitos por agentes da Polícia Nacional. 

Protecção de testemunhas  

O causídico referiu que vão solicitar protecção das testemunhas que estiveram no mesmo local com as vítimas no fatídico dia, por se entender que são peças chaves para o desfecho do caso quando o processo for para julgamento. 

“Essas pessoas, incluindo a esposa de Lazarino, viram e chegaram a falar com os mesmos agentes depois do acontecimento e é importante que estejam seguras”, disse. 

Os factos aconteceram por volta das 21 h do dia 25 de Maio, quando Álvaro Esteves, de 31 anos, e Lazarino dos Santos, de 44, foram mortos à porta do sindicalista. O primeiro foi alvejado no pescoço, tendo a bala saído pela boca, e ao segundo a bala entrou pelas costas, tendo perfurado o coração. 

Lazarino dos Santos era professor de Língua Portguesa vinculado ao Ministério da Educação há cerca de 20 anos, sendo que nos últimos tempos se vinha destacando na actividade sindical pelo SINPTENU.  

No último pronunciamento sobre o caso, na semana passada, o porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, disse que a Polícia ainda não tinha informações concretas e que os dados preliminares recolhidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) e pelas testemunhas eram contraditórios. 

Waldemar José referiu que a contradição de informações não permitiu à corporação concluir que se trata de efectivos da PN. “Há vários cenários e versões que se poderão colocar, por isso, vamos deixar os órgãos de informação executar o seu trabalho”, disse. 

Todavia, Waldemar José garantiu que, caso se chegar a conclusão de que os autores são efectivos da PN, estes serão tratados como qualquer criminoso que tenha atentado contra o bem jurídico mais precioso, a vida. Reforçou que, a se provar, serão julgados, condenados e expulsos da corporação e a sociedade terá conhecimento da situação.