BPC e INSS

BPC e INSS

Não paro de pensar no BPC e no INSS. Inicialmente, pensava que o BPC assemelhava-se a um armazém, parecido com os que vendem a grosso.

Enganei-me e pela falta de atenção (nem como queijo) peço desculpa aos leitores. O BPC virou um arquivo de produtos financeiros tóxicos e um antro de ladrões de grosso calibre. Como azar não anda desacompanhado, juntou-se a ele o INSS, aliás um dos seus cúmplices.

Perdão: um dos seus acionistas. No fundo dá no mesmo – como se diz no linguajar popular, “dedo e unha.” Nos armazéns de venda à grosso as pessoas amontoam-se para garantir o quinhão que por sua vez garante a venda à retalho.

Exacta qual no BPC. Sempre que chega a vez dos pensionistas receberem a prestação mensal do INSS. Anciãos e anciãs, meios-anciãos e meias-anciãs, exprimem-se à frente das portas do BPC à espera do INSS:

– São oito horas, ainda não abriram, só para nós humilhar. -Estes gajos não são sérios. – E lá dentro vamos encontrar, estão mbora também desorganizados. – Vamos só já saguentar aqui. – Vim sacar a massa da velha, está malaike ela, com palu. -Epah ! Lá dentro te dou prioridade. É este o tipo de diálogos “didáticos” que se ouvem à porta do BPC , perdão, armazém. Noutros aglomerados, antes das portas abrirem, também passam -se outras conversas e sobre os mais variados temas, como a corrupção ou futebol:

– Wei, o PCA do BPC foi cangado. -Ouviste aonde?.- Não sei, ouvi por aí, nas redes sociais. – Wei, você é desinformado, quem foi cangado é o informático, agora se o madié está em conluio com o manga, epah ! Neste país já nada admira.

Nisso, juntou -se ao aglomerado o adepto do futebol. Vestido com uma camisola que indicava a sua preferência clubística. Tinha colado ao ouvido direito um rádio de pilha e no ouvido esquerdo o celular:

-É cumu, weis?!!! (falava alto).- Esse mambo vai zonzar ou não? – Chegaste agora, cumprimentas, é cumu wei? Hiiii ! Vucês armados que só falam política, são ndumbus !!! – Epah! Wei numofende, ya? Inda por cima és da enquipa das mamãs da OMA. Xe ! Vais misentir ! Febre amarela!

A porta do banco abriu. O operativo, um degrau acima dos aglomerados, anunciou :

-Senhores ! Senhoras ! Papás, mamãs, manos, manas… -Fala logo, ó, sei lá quê… – Protestou um jovem.- Era só pra dizer… Não há sistema !!! ( uhuhuhuhu!!! )

Kajim Bangala