Estudo revela que angolanos têm pouca confiança nos governantes e nas instituições

Estudo revela que angolanos têm pouca confiança nos governantes e nas instituições

Os cidadãos angolanos confiam mais nos líderes religiosos do que nos seus governantes legitimados nas urnas e nas instituições estatais, de acordo com um estudo.

Esclarece que a confiança nos líderes religiosos é maior do que a média entre os residentes rurais (56%), cidadãos pobres (57%), e entrevistados mais velhos (66% daqueles que têm 66 anos de idade ou mais), bem como entre os residentes das regiões Leste e Centro (57%). Porém, menos de metade (47%) dos residentes na província de Luanda expressam confiança nos líderes religiosos.

O estudo diz que 53% dos angolanos confiam nos líderes religiosos “razoavelmente” ou “muito,” seguidos por 43% que expressam confiança nas Forças Armadas Angolanas (FAA) e 42% nas autoridades tradicionais.

“Os líderes religiosos e as autoridades tradicionais desfrutam de uma confiança acima da média entre os angolanos residentes nas zonas rurais, em situação de pobreza, e os idosos – grupos que podem apresentar dificuldades na compreensão das informações públicas sobre a Covid-19”.

Esclarece que a confiança nas FAA é maior entre as mulheres (46%) do que os homens (40%) e entre cidadãos mais velhos (54% daqueles que têm 66 anos de idade ou mais) em comparação com os mais jovens. Estes também desfrutam de maior confiança popular nas regiões Sul e Leste (48% cada, em comparação com apenas 40% na província de Luanda).

De acordo com o estudo, metade dos angolanos (50%) consideram que as autoridades tradicionais exercem “alguma” ou “muita” influência na governação das comunidades locais. Os residentes rurais são mais propensos do que os urbanos a perceber essa influência (57% vs. 46%), assim como os cidadãos pobres (54%), e os que não têm educação formal (54%) em comparação com outros cidadãos mais abastados e com maior escolaridade. “Para os angolanos residentes nas regiões Norte (60%) e Sul (59%) as autoridades tradicionais são influentes na governação das comunidades locais; na Província de Luanda apenas 40% dos entrevistados concordam”.

Face a isso, os pesquisadores advertem que líderes influentes e confiáveis podem desempenhar um papel importante na conscientização da comunidade sobre os cuidados a observar diante dos riscos de propagação da Covid-19, tal como foi feito nas campanhas de vacinação contra a poliomielite no passado.

O estudo conclui que de modo geral, “a maioria dos angolanos revelaram desconfiança em todas instituições e líderes, o que pode reduzir a sua eficácia como agentes mobilizadores e sensibilizadores das comunidades no cumprimento das medidas sanitárias refentes à pandemia”.

Os pesquisadores da Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, que lideraram a equipa do Afrobarometer, entrevistaram 2.400 angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019. Garantem que uma amostra deste tamanho produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/- 2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%.